terça-feira, 30 de março de 2010

O DECÁLOGO

Os Dez Mandamentos da Lei de Deus, como aprendíamos na catequese, não são mais que a presença de Deus dentro de cada consciência huma­na. Não é preciso ser praticante de nenhuma religião para que cada ho­mem sinta dentro de si o imperativo dessa lei fundamental que, segundo os crentes, Deus entregou a Moisés no Monte Sinai.
Todas as civilizações tomaram consciência da necessidade de obe­decer a essa lei fundamental ainda que não tivessem consciência da sua origem. As nossas sociedades modernas ,em especial a nossa socie­dade ocidental vão-se aperfeiçoando no sentido de, sem disso terem no­ção, dotar os Estados de leis que no fundo dão cumprimento a essa lei fundamental escrita nos nossos corações. Assim é de louvar a institui­ção dos Direitos Humanos, as leis que protegem os mais fracos e de­fendem a família, a protecção no desemprego, etc, etc. Infelizmente, as nossas sociedades aplicam ou procuram aplicar o segundo mandamento da Lei de Deus "Amar o próximo como a si mesmo", mas esquecem-se do pri­meiro "Amar a Deus sobre todas as coisas".
De certo, alguns poderão dizer que foi o estado laico que mais se esforçou por aplicar o segundo mandamento. A Igreja, apesar de pregar todos os mandamentos, esqueceu-se muitas vezes de os praticar e sobre­tudo de ser mais exigente na sua aplicação. Achava que a esmola e a caridade eram suficientes embora houvesse cristãos de eleição que, nas suas vidas, mostravam o esplendor dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. E hoje parece que os poderes laicos e, muitas vezes, ateus são aqueles que mais se batem pela igualdade, pela solidariedade, pela justiça e pelo amor. Então se tudo isto é verdade porque é que vemos cada vez mais desigualdades, mais injustiças, mais desamor, mais crueldade, mais guerras? A resposta parece estar no primeiro mandamento: "amar a Deus sobre todas as coisas". Os homens podem aperfeiçoar as leis, as insti­tuições, a solidariedade social, mas sem o reconhecimento do Amor de Deus, o homem e o Estado julgam-se a origem de tudo e tudo degeneram. Olhemos à nossa volta. Temos hospitais, centros de saúde, médicos e en­fermeiros, mas falta a humanidade, o respeito, o amor para com os doen­tes, com algumas excepções.
Temos direitos sociais, protecção no desemprego, jardins de infância, escolas, universidades mas falta o empenho, a dedicação e a humil­dade que só o amor de Deus pode dar.
A prática de segundo mandamento sem o primeiro arrasta consigo o lado feio e horroroso das nossas sociedades. Protege-se a criança, mas matam-se muitos inocentes; protege-se a família, mas apregoa-se o divórcio; cada um de nós tem um pai e uma mãe, mas agora querem impor à criança dois pais ou duas mães num desequilíbrio perigoso e mortal; a ONU procura resolver os conflitos entre os povos sem guerra, mas nunca vimos tantas guerras como agora. O primeiro mandamento é claro e fon­te de toda a humanidade, mas hoje até há quem o utilize para odiar, para matar, para praticar as maiores crueldades de que há memória!
0 homem pode fazer as leis mais belas e justas, mas sem o amor de Deus, só criará desumanidade, egoísmo, acenando sempre com o mito do paraíso na terra.
Carlos A.Borges Simão

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