sábado, 8 de dezembro de 2007

Sabores diferentes, mas sabores bons

Findo o almoço, surge uma saída até ao santuário de Nossa Senhora da Lapa. Um jovem casal queria oferecer uns paramentos e umas alfaias para a capela do seu povo. Isto porque tinha havido uma promessa e, em conversa comigo, falámos da melhor maneira de a cumprir. Foi bonita a forma simpática como compreenderam e acolheram as propostas que lhe foram feitas. Mas não queriam ir sozinhos, era importante que eu fosse para os ajudar a escolher. Assim foi e ainda foram mais além do que aquilo que estava previamente falado. Foi um momento interessante de sereno convívio.

Embora o tempo fosse controlado ao minuto, pois às 17 horas tinha oração com a comunidade, soube-me muito bem ter estado uns momentos no Santuário. Eu sei que não é preciso ir à Lapa para rezar. Mas aquele espaço ajuda-me a fazê-lo. Ali ajoelharam tantas vezes meus avós e meus pais, em tantas ocasiões após longas peregrinações a pé; ali me levaram ainda meus pais e meus avós quando aos 8 meses de idade, por causa de uma gravíssima queimadura, pois, ao puxar pelo arame de um pote, entornei sobre mim uma porção enorme de água fervente que me deixou em lastimoso estado que me ameaçava a vida. Ainda hoje conservo marcas desse acidente. Ali me desfoquei aos dez anos a pé (parece que ainda hoje me doem os pés...) e dormi com tantos peregrinos numa loja sobre um bocado de palha moída. Ali vive momentos significativos quando há pouco anos fui o pregador da novena de Agosto. Jamais esquecerei a paz que senti, as amizades que tecei, o acolhimento que me deram. Mas sobretudo a magnífica experiência espiritual. Há momentos que marcam! Talvez por todo este contexto, por um passado que envolve o presente, me sinta lá tão bem.

A oração da tarde correu muito bem. Não estava a Igreja cheia, nem pouco mais ou menos, quem quem esteve, esteve mesmo. Rezámos o terço com vontade, acreditem! As vésperas foram um encanto, com as devidas pausas e tudo. Aquele momento de silêncio adorante diante do Santíssimo solenemente exposto foi divinal. Alguém me dizia no fim. "Nem demos conta do tempo passar..." E quando assim é...

Quando às 19 horas fui para a Igreja para presidir à Eucaristia dos finalistas da minha escola, confesso que me sentia muito cansado . Disse para mim mesmo: "Rapaz, tens que fazer um esforço, apelar à reserva de forças. Deus merece e os jovens e seus familiares precisam."
A postura serena dos jovens, o seu canto entusiasta, o silêncio da assembleia, ajudaram. Gostei que nas minhas intervenções, aqui e acolá, eles se riram com vontade. Sinal de que me estava a fazer entender. Oxalá que pelas minhas pobres palavras tenha contribuído para o "advento" de Deus naqueles vidas jovens, prenhes de sonhos. Que deixem Deus sonhar com eles.

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