Situado numa zona de transição entre os patamares seculares do Douro vinhateiro e o granito da Beira Alta, onde marcam presença a cultura da maçã, da vinha e do sabugueiro, de onde se destacam os filões rugosos da Serra de Santa Helena e onde são igualmente atraentes as paisagens ribeirinhas que testemunham um substancial interesse endógeno, em que a truta é raínha, o concelho de Tarouca é um testemunho vivo de uma riqueza natural, patrimonial e paisagística que o distingue dos demais.
Tarouca estende os seus domínios por uma área de 102 km2, partilhados por, ainda, dez freguesias (Dalvares, Gouviães, Granja Nova, Mondim da Beira, Salzedas, São João de Tarouca, Tarouca, Ucanha, Vila Chã da Beira e Várzea da Serra) onde têm viva expressão a ruralidade e o cultivo da terra.
Distribuidos pelas dez freguesias do concelho encontram-se onze imóveis nacionalmente reconhecidos e classificados (três monumentos nacionais e oito de interesse público), de grande importância arquitectónica e histórica, testados pela classificação obtida, alguns deles, há mais de oito décadas.
Na freguesia de Ucanha encontramos as imponentes Torre e sua Ponte, Monumento Nacional desde 1910. A data da sua construção remonta ao século XII, período em que este território estava vinculado ao Couto do Mosteiro de Salzedas, tendo, no seculo XV, por ordem de D. Fernando, abade de Salzedas, sofrido algumas intervenções na sua reconstrução, passando a ser uma estrutura física de proteção de pessoas e bens que, em período feudal, obrigava o pagamento de um imposto de portagem.
Em 1933, quatro dos pelourinhos existentes no concelho vêem, também, reconhecida a sua importância histórica, obtendo a classificação de Imóveis de Interesse Público. É em Mondim da Beira, Várzea da Serra, Ucanha e Tarouca, freguesias geograficamente dispersas, que podemos admirar os pelourinhos, símbolos de assaz importância histórica e de autonomia regional.
É, ainda, na freguesia de Mondim da Beira que podemos visitar o Arco de Paradela (Imóvel de Interesse Público desde 1954), que, muito embora seja reconhecido o seu valor histórico e a data da sua construção, no quartel do século XII, o propósito da sua construção tem dividido as opiniões, pois para alguns o arco é um padrão que se ergueu naquele local para demarcar o limite do couto do Mosteiro de São João de Tarouca, para outros o arco integrava uma maior estrutura que serviria para albergar o túmulo de Diogo Anes proprietário do terreno em 1175, data que se atribuí à sua edificação, e para a população local, o arco é um monumento comemorativo da passagem do cortejo funerário de D. Pedro, conde de Barcelos, que ali parou quando ia para o mosteiro de S. Joao de Tarouca para ser sepultado.
Ao penetrarmos na freguesia de Salzedas deparamo-nos de imediato com o majestoso Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, Monumento Nacional desde 1978, construído em meados do século XII, aquando da doação do couto de Argeriz a Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, que o legou, posteriormente, aos monges beneditinos do Mosteiro de Salzedas. O Mosteiro Cisterciense veio a sofrer uma profunda remodelação no tempo de D. João III, nos séculos XVII e XVIII (da qual resultou a atual fachada da igreja, a reforma estilística do seu interior e a reconstrução dos claustros). Em 2010 o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas foi alvo de uma intervenção de requalificação, tendo sido aberto ao público em 2011, com um espaço para exposições temporárias, um auditório e a sacristia toda restaurada, quer em termos de mobiliário, quer em termos de pintura.
Na freguesia de Salzedas descobrimos, também, as Ruínas Românicas da Abadia Velha, classificadas de Imóvel de Interesse Público em 1971, que correspondem à primitiva fundação do Mosteiro de Salzedas, edificada em 1150, no local do antigo termo de Argeriz, próximo ao rio Varosa, mandatada por D. Teresa Afonso, viúva de D. Egas Moniz.
Em S. João de Tarouca deslumbramo-nos com o seu Mosteiro, Monumento Nacional desde 1956, a mais antiga fundação cisterciense em Portugal, uma vez que os primeiros monges fixaram-se neste ponto do rio Varosa em 1140, ano em que D. AfonsoHenriques passou carta de couto a uma comunidade observante da regra de São Bento, o que fez com que Tarouca fosse, ao longo da Baixa Idade Média, um dos mais importantes estabelecimentos monacais nacionais. Aqui, no Mosteiro, encontra-se sepultado, num monumental túmulo de granito, decorado com cenas de caça nos faciais, tema característico de uma nobreza fundiária em busca de prestígio social e legitimação, D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis.
A Igreja de S. Pedro, situada na sede do concelho e Imóvel de Interesse Público desde 1948, é um edifício que terá sido edificado entre meados do século XIII, muito embora a sua primeira referência documental date de 1163, e representa um belo exemplar de uma arquitetura românica.
Para além do património que já se encontra classificado, outro há que ainda se encontra em vias de classificação, como o são o Bairro do Quelho, em Salzedas, a Igreja Paroquial de Ucanha, a Oficina de Fundição Sineira, em Granja Nova e a Quinta do Granjão em Mondim da Beira.
Calcorrear o concelho de Tarouca, fazendo um périplo pelos seus monumentos é, indubitavelmente, um convite à descoberta de um passado integrado num presente preocupado com a perservaçao para o futuro. Os monumentos que este concelho encerra, que os antepassados nos confiaram, atestam a sua importância milenar. Estão recheados de histórias misteriosas e resguardados em sítios mágicos, cenários que nos ajudam a recuar no tempo e a visualizar o passado, numa região com tanto por revelar.
Reportamos o nosso património para atrair mais vontades e para que seja mais conhecido para que mais pessoas o visitem e lhe reconheçam o incalculável valor arquitetónico, histórico e cultural.
Gabinete da Cultura, Turismo e Comunicação
Câmara Municipal de Tarouca
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