sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cúmplices das pedras


Raras são as coisas que me ofendem mais do que observar facínoras, muitos deles com a cara tapada, a apedrejar agentes da PSP. Mas ainda fico mais ofendido ao verificar que pessoas melhores do que eles – na medida em que não têm o hábito de testar a resistência de escudos e viseiras que protegem seres humanos – são capazes de estar a metros de tal gente, horas a fio, sem se darem conta de que todas as razões que os conduziram até à manifestação ficam conspurcadas.
A "meia dúzia de profissionais da desordem", como lhes chamou o ministro da Administração Interna, impôs-se sobre uns quantos milhares. E porquê? Estarão os manifestantes reféns, como as pessoas que escolhem trabalhar em dia de greve e encontram um intransigente piquete à porta da empresa? Ou vêem os atiradores de pedras, alguns dos quais têm uma força nos braços que lhes daria lugar numa equipa profissional de basebol, como aquilo que gostariam de ser caso tivessem coragem? A resposta não será igual para cada um dos manifestantes que foram encurralados pela carga policial da PSP junto à Assembleia da República. Mas todos, por vontade ou inacção, passaram por cúmplices das pedradas.
Leonardo Ralha, aqui

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