Já não está entre nós pois faleceu há cinco anos mas não o devemos esquecer.
Os franceses consideraram-no durante 17 anos o Homem mais querido e admirado do
seu país – a França.
Conhecido como Abbé Pierre, ele foi um verdadeiro profeta. Sem papas na
língua, incomodava os poderes instituídos quando os atacava duramente pela falta
de apoio aos pobres e aproveitava todas as ocasiões para colocar o dedo na
ferida da luta contra as desigualdades sociais e o desemprego.
«A vida ensinou-me que viver é usar o breve tempo dado às
nossas liberdades para aprenderem a amar e a preparar-se para o breve encontro
com o Eterno Amor. Essa é a chave da minha vida e dos meus actos.»
De seu nome de baptismo Henri Grouès, o "Abbé Pierre", era o quinto filho de
uma família de cinco rapazes. Nasceu no dia 5 de Agosto de 1912 em Lyon. Quando
tinha 15 anos, no decurso de um congresso de jovens cristãos em Assis, sentiu o
chamamento divino. E aos 18 anos entrou nos Frades Franciscanos, tendo sido
ordenado em 1938.
Trabalhou na catedral de Grenoble e na Alsácia, antes de se empenhar na
Resistência durante a II Guerra Mundial – período em que ajudou muitas pessoas a
fugir para a Suíça, sendo conhecido, na resistência, como "Abbé Pierre" para não
ser identificado.
Em Novembro de 1949 fundou a associação Emaús, uma comunidade que se consagra
à construção de casas provisórias para os sem-abrigo, financiada pela revenda de
objectos de recuperação muitas vezes apanhados no lixo.
O Movimento de Emaús
abarca hoje mais de cem comunidades em que vivem e trabalham mais de quatro mil
pessoas, em quarenta países dos cinco continentes.
– «É um santo», afirma, em
geral, a maioria dos franceses.
Velhinho e de barba branca poder-se-ia facilmente confundir com um Pai Natal,
mas a dureza na expressão e o dedo acusador não casam com aquela simpática e
artificial figura. Profeta denunciando as injustiças e a opressão dos pobres a
par da vaidade e ineficácia dos governantes – era deste modo que ele entrava nas
casas francesas quando aparecia nos ecrãs de televisão a atacar os políticos de
Paris, sem distinguir se são da esquerda ou da direita.
A sua mensagem continua actual: – Combatam a pobreza! Não combatam os pobres!
– dizia ele aos políticos.
Agora que celebramos o seu centenário, aqui fica mais uma vez a nossa
homengem.
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