«Cortes cegos ou demasiado drásticos podem não ser cura mas assassinato», adverte D. Carlos Azevedo
Lisboa, 03 set 2011 (Ecclesia) – O responsável pela ação social da Igreja Católica, o bispo D. Carlos Azevedo, afirmou hoje que o Governo deve ultrapassar as medidas apontadas pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia para reduzir o défice público. “É necessário ir além da troika porque alguma recessão que se produz na economia e alguns buracos que se vão descobrindo requerem que sejamos mais poupados do que o que nos exigem. Caso contrário não iremos chegar ao fim e cumprir”, disse o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social à Agência ECCLESIA. As reduções na despesa pública anunciadas esta sexta-feira pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, contribuíram para que Portugal tenha “consciência profunda” da “gravidade da situação”, marcada por “gastos desnecessários e gestões de luxo” que têm de “sofrer cortes”, acrescentou. O prelado, também bispo auxiliar de Lisboa, reconhece que “muita gente perde benefícios, o que não é agradável mas é preciso”, e recorda que a classe média, “atingida” pelo agravamento fiscal e diminuição nos encargos sociais do Estado, “ainda tem ordenado e pode ajudar a colmatar os erros cometidos”. “Somos um país pobre e fazíamos de conta que não éramos. E isso paga-se caro”, declara D. Carlos Azevedo, que apela a “outro estilo de vida”: “Não é para voltarmos ao mesmo mas para que seja mais sereno, equilibrado e rigoroso na gestão dos nossos recursos”. Depois de sublinhar que “os cortes cegos ou demasiado drásticos podem não ser cura mas assassinato”, o responsável pelo departamento que orienta a ação social católica em Portugal constata que “o aumento do preço dos transportes e da energia têm tido sempre salvaguarda para quem vive com um teto de rendimentos mínimo”. D. Carlos Azevedo acentua que “a demagogia tem terreno livre e tem sido muito fácil nestes últimos meses”, e dá como exemplo a situação no mercado laboral, onde a ausência de “soluções mágicas” impõe respostas como a “partilha de emprego” ou a aposta em setores como o turismo para a criação de riqueza e postos de trabalho. “É urgente substituir a demagogia pela pedagogia, explicando as razões de ser das opções políticas”, indica o responsável, que valoriza o papel crítico da oposição parlamentar, “chamando a atenção para aspetos que possam a estar a ser esquecidos” pelo Executivo. O responsável, que prevê serem precisos “alguns anos” para restabelecer o equilíbrio das contas públicas, propõe a revisão de Estado Social, conceito que sem o envolvimento de uma “sociedade solidária” torna os cidadãos “dependentes da máquina estatal”, fazendo com “qualquer corte na despesa pública afete grande parte da população”. O tema vai ser refletido na Semana Social agendada para 2012, no Porto, mas antes, nos próximos dias 13 a 15, a comissão presidida por D. Carlos Azevedo organiza em Fátima o seu 27.º encontro nacional dedicado ao tema “Desenvolvimento local, caridade global’. |
O responsável pela ação social da Igreja Católica, o bispo D. Carlos Azevedo, afirmou hoje que o Governo deve ultrapassar as medidas apontadas pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia para reduzir o défice público.
“É necessário ir além da troika porque alguma recessão que se produz na economia e alguns buracos que se vão descobrindo requerem que sejamos mais poupados do que o que nos exigem. Caso contrário não iremos chegar ao fim e cumprir”, disse o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social à Agência ECCLESIA.
As reduções na despesa pública anunciadas esta sexta-feira pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, contribuíram para que Portugal tenha “consciência profunda” da “gravidade da situação”, marcada por “gastos desnecessários e gestões de luxo” que têm de “sofrer cortes”, acrescentou.
O prelado, também bispo auxiliar de Lisboa, reconhece que “muita gente perde benefícios, o que não é agradável mas é preciso”, e recorda que a classe média, “atingida” pelo agravamento fiscal e diminuição nos encargos sociais do Estado, “ainda tem ordenado e pode ajudar a colmatar os erros cometidos”.
“Somos um país pobre e fazíamos de conta que não éramos. E isso paga-se caro”, declara D. Carlos Azevedo, que apela a “outro estilo de vida”: “Não é para voltarmos ao mesmo mas para que seja mais sereno, equilibrado e rigoroso na gestão dos nossos recursos”.
Depois de sublinhar que “os cortes cegos ou demasiado drásticos podem não ser cura mas assassinato”, o responsável pelo departamento que orienta a ação social católica em Portugal constata que “o aumento do preço dos transportes e da energia têm tido sempre salvaguarda para quem vive com um teto de rendimentos mínimo”.
D. Carlos Azevedo acentua que “a demagogia tem terreno livre e tem sido muito fácil nestes últimos meses”, e dá como exemplo a situação no mercado laboral, onde a ausência de “soluções mágicas” impõe respostas como a “partilha de emprego” ou a aposta em setores como o turismo para a criação de riqueza e postos de trabalho.
“É urgente substituir a demagogia pela pedagogia, explicando as razões de ser das opções políticas”, indica o responsável, que valoriza o papel crítico da oposição parlamentar, “chamando a atenção para aspetos que possam a estar a ser esquecidos” pelo Executivo.
O responsável, que prevê serem precisos “alguns anos” para restabelecer o equilíbrio das contas públicas, propõe a revisão de Estado Social, conceito que sem o envolvimento de uma “sociedade solidária” torna os cidadãos “dependentes da máquina estatal”, fazendo com “qualquer corte na despesa pública afete grande parte da população”.
O tema vai ser refletido na Semana Social agendada para 2012, no Porto, mas antes, nos próximos dias 13 a 15, a comissão presidida por D. Carlos Azevedo organiza em Fátima o seu 27.º encontro nacional dedicado ao tema “Desenvolvimento local, caridade global’.
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