“Chegam-nos de quando em quando, no exercício quotidiano do nosso ministério, vozes que ofendem os nossos ouvidos, quando algumas pessoas, inflamadas, é certo, de zelo religioso, carecem de precisão no seu julgamento e na sua maneira de ver as coisas. Na situação actual da sociedade só vêem ruínas e calamidades. Têm o costume de dizer que a nossa época piorou profundamente em relação aos séculos passados, e conduzem-se como se a história, que é mestra da vida, nada nos tivesse ensinado... Parece-nos necessário expressar o nosso completo desacordo com tais profetas de desgraças que anunciam continuamente catástrofes, como se o fim do mundo estivesse ali ao virar da esquina”.
Para saber que no mundo há muitas coisas que não vão bem, não se precisam profetas: basta ter olhos. Para aceitar que um dia este mundo acabará e voltará o Senhor, não é preciso ser visionário; basta ter fé. Temos, porém, de falsificar muito o Evangelho para confundir o Senhor que vem, com o terror e o medo. É que Jesus não disse: “Tremei, que eu estou a chegar”, mas sim: “trabalhai enquanto eu não volto”. Por isso é que eu não tenho a mínima curiosidade de saber quando é que o mundo vai acabar. De momento, eu sei que o dia de hoje acabará dentro de algumas horas; que este ano encerrará a 31 de Dezembro; e que eu tenho obrigação de encher de amor essas poucas horas e esses poucos dias. Amanhã retomarei a tarefa de preencher as horas de amanhã, em 2009 — se esse ano vier e eu existir nele — procurarei fazer o meu melhor. Pouco me importa que só haja mais dois Papas, como diz o senhor Fontbrune do suposto São Malaquias. De momento, gosto do Papa que temos, e estou certo de que gostarei — se chegar a vê-lo — dos seus sucessores. Não me preocupam os profetas que anunciam a queda do sol. Por hoje tenho razões suficientes para dar graças a Deus por este sol tão bonito que hoje nos alumia.
In Razões para o amor
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