quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

MUITO DIFÍCIL É CONVIVER

  1. Conviver nunca foi fácil. Está, porém, a tornar-se cada vez mais difícil.
Não tem sido pacífica a convivência fora de casa. E está a ser vez mais violenta a convivência dentro da própria casa.
 
  1. O mundo de cada casa não parece diferir muito da nossa casa comum que é o mundo. A única diferença é de escala.
Ninguém está totalmente seguro na rua. Mas alguém estará plenamente protegido em casa?
 
  1. Temos conseguido fazer da família um pequeno mundo. Mas não estamos a conseguir fazer do mundo uma grande família.
A família tem sido um espelho dos problemas que há no mundo. Infelizmente, o mundo não tem sido um retrato do espírito que devia prevalecer na família.
 
  1. Os desconhecidos são uma ameaça.
Mas, muitas vezes, os mais conhecidos também não se transformam num perigo?
 
  1. No mundo que se transfigurou em aldeia, foram encurtadas as distâncias entre lugares, mas têm crescido as distâncias entre pessoas.
As pessoas até estão perto, mas não se sentem próximas. Estão separadas por ideias e por interesses. As ideias não parecem coexistir e os interesses parecem conflituar cada vez mais.
 
  1. Às vezes, o único ponto de encontro entre as pessoas é a agressão, a eliminação, a morte.
O outro parece estar mais exposto ao disparo de uma arma do que a uma palavra de saudação.
 
  1. Nenhuma convivência subsiste sem um apurado sentido do outro.
Quando compreenderemos que, afinal, conviver também implica respeitar, aceitar e até ceder?
 
  1. É fundamental pensar na forma como o outro recebe o que eu digo e acolhe o que eu faço.
A esta luz, não é legítimo dizer tudo quanto nos apraz nem fazer tudo quanto nos apetece.
 
  1. Uma liberdade sem limites não sobrevive. Uma liberdade sem limites degenera num combate devorador entre liberdades que não admitem limitar-se.
Não se trata, como é óbvio, de advogar qualquer tipo de censura, mas de alertar para a necessidade do autodomínio, do bom senso e do respeito.
 
  1. Na vida, temos de aprender a conjugarmo-nos uns aos outros. A convivência é uma permanente «ars conjunctionis» (arte da conjugação).
Não podemos pensar numa cultura de direitos sem deveres. Só haverá paz quando os direitos de cada um forem efectivos deveres para todos.
Fonte: aqui

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