Amigo e colaborador do arcebispo salvadorenho assassinado em 1980 está em Portugal para falar do seu legado
D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador do arcebispo Oscar Romero, assassinado em El Salvador há 33 anos, disse à Agência ECCLESIA que o prelado foi um “mártir” que incomodou poderes, em defesa dos Direitos Humanos, e mantém a sua atualidade.
“Romero é um santo incómodo, os profetas são incómodos. Não é Madre Teresa de Calcutá, é outra coisa, por isso é um profeta que, como Jeremias, é incómodo e querem acabar com ele”, refere o bispo auxiliar de San Salvador.
O responsável está em Portugal, a convite dos Missionários da Consolata, para falar sobre o pensamento e espiritualidade arcebispo salvadorenho, assassinado há 33 anos.
“Os jovens de hoje estão a conhecer Romero e entusiasmam-se com ele, porque veem um homem coerente com as suas convicções, um homem que é fiel ao ser humano e defende os Direitos Humanos, que é fiel a Jesus Cristo, que é fiel à Igreja e dá a vida por esses ideais”, refere.
Para D. Gregorio Rosa, Romero é “um líder, um modelo para os jovens de hoje, para as pessoas, e por isso é um santo muito atual”.
“É espantoso que mesmo no mundo dos não crentes, Romero seja uma inspiração, pelo que estamos em muito boa companhia e com o Papa Francisco temos, penso, o melhor momento para que o processo de canonização possa avançar até ao final”, acrescenta.
O bispo auxiliar recorda alguém que estava no interior do país (Tambeae, ndr) e veio a descobrir, na capital salvadorenha, “de forma brutal o que é a violência estrutural, o que chama de injustiça institucionalizada”.
“(Romero) descobre que tem uma vocação, a de acompanhar o povo que está esmagado pela violência, pela repressão, pelos esquadrões da morte, e ser voz dos que não têm voz.”, observa.
Este responsável admite que a causa de beatificação tem encontrado obstáculos, a começar pela situação política após a morte do Arcebispo, em El Salvador, país da América Central.
“Romero é assassinado por um grupo preparado por um militar (Roberto D'Aubuisson, ndr) que fundou um partido político (ARENA), e esse partido chegou ao poder, governando durante 20 anos. Nunca nesses 20 anos se interessou por Romero, pelo contrário, interessou-se em ir contra ele, já que tinha morrido por causa deles”, acusa.
As dúvidas e hesitações têm dado lugar, segundo D. Gregorio Rosa, a uma corrente “cada vez maior” em favor do arcebispo assassinado, com destaque para João Paulo II (1920-2005).
“O Papa entendeu Romero a partir do ano de 1983, quando visitou o seu túmulo pela primeira vez, e acabou por compreendê-lo bem a partir dos anos 2000 e 2001, quando disse que era um mártir da Igreja”, refere, numa entrevista em que relata várias histórias ligadas a estes momentos.
João Paulo II, acrescenta, “chegou à convicção de que Romero é um mártir”.
A entrevista a D. Gregoria Rosa pode ser acompanhada esta quinta-feira no Programa ECCLESIA (RTP 2), a partir das 18h00.
In agência ecclesia
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