A Igreja, santa em Cristo, é pecadora nos seus membros.
Sabemos que o mal sempre teve mais impacto na opinião pública do que o bem. Ainda mais hoje com a quase omnipresença da comunicação social.
Não se fala da vida santa e justa de tanta gente. Não se refere a santidade de tantos católicos. Passa despercebido o martírio de imensos cristãos que, por causa da sua fé em Cristo e da sua entrega aos irmãos, perdem a vida. Não diz nada sobre tantos e tantas que, no campo da missão, vivem pobre e alegremente ao serviço da Boa Nova e da promoção das pessoas. Silencia-se a obra solidária e caritativa da Igreja junto de quem mais precisa. Cala-se o trabalho de proximidade, unidade e atenção aos próximo que diariamente acontece.
Contudo o lado pecador da Igreja é notícia, espectáculo e tantas vezes julgamento público. Os casos de pedofilia - sobretudo de padres, mas também dos leigos cristãos -, os casos de apego ao dinheiro, as divisões, tricas e intrigras da Cúria Romana e de outras cúrias, os jogos de poder, casos de assédio e infidelidades, a existências de grupos - fundamentalistas ou progressistas - que mordem a unidade da Igreja, a corrupção, o silenciamento ou verbalismo de membros da Igreja, etc, etc, estampam-se em manchetes na comunicação social.
Ninguém está livre de grandes quedas, tenha 18 ou 80 anos. Seja leigo, padre, religioso, bispo ou cardeal. Somos todos muitos frágeis.
O cristão, porque acredita num Deus de misericórdia e bondade, abre-se ao Seu perdão, reconhecendo as suas culpas e pecados e recomeça de novo. É isto que se diz na confissão:
Confesso a
Deus Todo-Poderoso
e a vós irmãos,
que pequei muitas vezes
por
pensamentos e palavras,
actos e omissões,
por minha, culpa,
minha tão
grande culpa.
E peço à Virgem Maria,
aos Anjos e Santos
e a vós,
Irmãos,
que rogueis por mima Deus, Nosso Senhor.
Às pessoas que vêem o irmão caído na berma da vida, Cristo aponta o caso do bom samaritano.
"Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: 'Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver'. "Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?" "Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". (Lucas 10:30-37)
Que o pecador se arrependa, reconheça os seus pecados, faça a reparação e se emende. Que os outros ajudem quem caiu na berma da estrada da vida, certos que "Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva". Recalcar a pessoa caída, além de anti-cristão, é desumano.
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