segunda-feira, 28 de maio de 2012

O que o ar é para a vida biológica, o Espírito Santo é para a vida espiritual!

“Fez-se ouvir, vindo do céu, um rumor, semelhante a forte rajada de vento,  que encheu toda a casa onde se encontravam!” (At.2,2)


O Pentecostes não é uma tempestade, num copo de água! É o sopro criador do Espírito de Deus, que nos entra pela casa dentro, e nos faz inspirar, respirar e expirar o ar puro, do amor sempre novo e fresco de Deus! Tal tempestade, descrita como um "vento impetuoso", faz-nos pensar sobretudo no ar, que nos permite respirar e viver! Assim, o que o ar é para a vida biológica, o Espírito Santo é para a vida espiritual! Nesse sentido, também poderíamos concluir: se existe uma poluição atmosférica, que envenena o ambiente e os seres vivos, há também uma poluição do coração e do espírito, que mortifica e envenena a existência espiritual! É, por isso, precioso e imperioso, voltar a respirar o ar puro, não só aquele por que aspiram e respiram os pulmões, como aquele que nos inspira o coração! Isto é, de todo impossível, se não criarmos dentro de nós e à nossa volta uma atmosfera de pureza interior, se não cultivarmos o silêncio, capaz de pressentir o rumor do Espírito, que geme dentro de nós, com murmúrios inefáveis! Sabemo-lo bem: o silêncio da oração, a pureza de coração, a fruição da beleza da criação, a abertura à luz da fé e da razão, criam o ambiente vital para o Espírito Santo pairar sobre nós e agir em nós e por nós!
 Este ambiente puro e vital, em que o Espírito de Deus pode respirar e expirar, em nós e através de nós, é hoje amplamente contaminado por uma certa cultura da «curtição», em que o ímpeto sensual vicia a pureza de coração, e anula os desejos mais profundos; em que a extravagância no comer, mas sobretudo no beber, «amolece as resistências» e enfraquece as vontades»; em que o ruído invasivo, abafa a voz do alto e anula toda a capacidade de escuta e de relação; em que um certo saber, sem sabor, estritamente tecnológico, embrutece a sensibilidade espiritual. Nem nos damos conta de que tudo aquilo que polui e intoxica a alma das novas gerações, acaba por condicionar a sua própria liberdade para pensar, viver e amar.

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