sábado, 5 de fevereiro de 2011

ILUSÕES

As ilusões são normais entre os seres humanos. Quase que nascemos com elas. Mas, como em tudo na vida, há ilusões que nos ensinam e há ilusões que nos matam.
O que está a suceder no nosso país e em muitos outros, deve-se a muitas ilusões que nos foram vendendo. Iludiram-nos com a abundância europeia que nunca mais acabava, iludiram-nos com uma vida nas grandes cidades com todo o conforto e com todas as regalias, iludiram-nos com empréstimos bancários fáceis e rápidos. Onde nos levaram essas ilusões? A um desemprego generalizado com fábricas e empresas a fechar, a uma pobreza galopante sobretudo nos grandes meios onde agora só a caridade pode ajudar, a um endividamento porque a casa, o carro, as férias e outras regalias foram pagas com dinheiro emprestado que agora não se paga.
Fugiu-se do campo para a cidade e do país para o estrangeiro. Muitos ainda conseguiram subir na vida e não dependerem de ninguém, mas muitos outros aparecem hoje na televisão revoltados com tudo e com todos, não se lembrando das ilusões que lhes foram vendidas. Ainda assim, aqueles que por teimosia, por falta de coragem ou realismo inteligente continuaram nas suas vidas rurais ou provincianas têm algo para comer e até para darem aos filhos desempregados nas grandes cidades. Esses não tiveram ilusões ou não foram atrás de fogos fátuos.  .Lutaram, trabalharam sem esperarem que o patrão lhes pagasse no fim do mês.
Mas era tão bonito os emigrantes que apareciam nas férias com grandes carros e olhando altaneiros os seus conterrâneos que continuaram nas suas terrinhas e nos seus cultivos. Era tão bonito os citadinos que tinham abandonado as suas terras e país chegarem todos ufanos crendo-se mais inteligentes e mais evoluídos que os serranos e rurais das terras da sua infância.
Num abrir e fechar de olhos as ilusões foram-se e vão-se desvanecendo como castelos na areia, como nuvens passageiras, mostrando o precipício onde caíram muitos incautos. Não se poupou, quando havia, não se abriram os olhos, quando se devia. E aí temos o Portugal da União Europeia: sem trabalho não há riqueza, sem poupanças não há recursos, sem realismos não há banco nem caixa que nos valham.
As ilusões pagam-se caras e nós, portugueses, somos atreitos a ter ilusões e mais ilusões, O dinheiro das Índias e dos Brasis desfez-se em pó de grandezas inúteis, o dinheiro da União Europeia está a sair-nos muito caro. Hospitais, escolas, saneamento básico, tudo se
fez. E agora? Essas obras não são eternas, têm que se manter e nós não temos dinheiro. Imprevidentes, os governantes tudo fizeram não calculando que tudo tem que ter manutenção.
Finalmente a fatura chegou e ela é bastante pesada. Deram-nos asas para subir, mas não nos deram sustento para as manter abertas e assim caímos a pique.


Carlos A.Borges Simão

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