Mergulhados, no coração da Quaresma, meditamos nesta cena maravilhosa,
do encontro de Jesus, cara a cara, com a samaritana. Ela é, na verdade, a «musa
inspiradora» deste nosso caminhar sobre as águas do Batismo.
1. Vir à fonte!
Vede: uma mulher da Samaria, essa terra negra de perdição, vai à fonte,
em busca de água para beber, mesmo se o cântaro, à cabeça ou na mão, é apenas
um pretexto, para mais um encontro, quem sabe, pouco edificante. Mas lá vai… um
dia e outro dia. E tantas vezes, na sua sede, vai o cântaro à fonte,
que um dia lá deixa a asa… Eis que lá está, junto ao poço de Jacob, Quem
ela, no fundo de si mesma mais procura, mas que, por agora, desconhece e não
esperaria, com certeza, ver por ali. Nesta mulher, insatisfeita, está o retrato
da nossa sede, pois “não há homem, nem mulher que, na sua vida, não se
encontre, como ela, ao lado de um poço, com uma ânfora vazia, na esperança de
encontrar, que seja satisfeito o desejo mais profundo do coração, o único que
pode dar significado pleno à existência. Hoje são muitos os poços que se
oferecem à sede do homem, mas é preciso discernir para evitar águas poluídas. É
urgente orientar bem a busca, para não ser vítima de desilusões, que podem
arruinar”(SÍNODO DOS BISPOS 2012, Mensagem ao Povo de Deus, n.1). E,
por isso, “nos desertos desta vida, há sobretudo a necessidade de pessoas de
fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra prometida,
mantendo viva a esperança” (Bento XVI, Homilia, 11.10.2012; cit. por Papa
Francisco, E.G. 86).
2. Encontrar Cristo, água viva
E ali está Jesus, com sede da sede daquela mulher! E nós havemos de O
contemplar, uma e outra vez, “para conseguirmos um diálogo parecido com
aquele que o Senhor teve com a Samaritana, junto do poço onde ela procurava
saciar a sua sede” (E.G.72). “Como Jesus no poço de Sicar, também a
Igreja deve sentar-se ao lado dos homens e mulheres deste tempo, para tornar
presente o Senhor na sua vida, para que O possam encontrar, porque só o seu
espírito é a água que dá a vida verdadeira e eterna. Só Jesus é capaz de ler no
fundo do nosso coração e de nos revelar a nossa verdade: «Disse-me tudo o que
fiz», confessa a mulher aos seus concidadãos” (SÍNODO DOS BISPOS 2012, Mensagem
ao Povo de Deus, n.1).
3. E daí, toca a “Ir em frente”.
Quem recebeu a vida nova do encontro com Jesus, não pode deixar de se
tornar anunciador de verdade e de esperança, para os outros. A pecadora
convertida torna-se mensageira de salvação e conduz a Jesus toda a cidade. Na
verdade, “a Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus,
tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido às
palavras da mulher»” (E.G. 120). Também nisto, ela nos inspira, a ser «pessoas-cântaropara
dar de beber aos outros» (E.G.86). E o Papa Francisco não deixa de
insistir: “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus
tornou-se discípulo missionário” E explica: “se uma pessoa experimentou
verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de
preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições
ou longas instruções! Por isso, não digamos mais que somos discípulos e missionários,
mas sempre que somos «discípulos missionários»” (cf. EG 120).
Irmãos caríssimos: lembrai-vos disto: «Quem não tem fé não mata a
sede! Mas quem tem a graça de a ter, está ligado a uma tarefa enorme: dar desta
água bebida um testemunho ao longo de toda a sua vida» (Erri di Luca,
Caroço de azeitona.,66). “Por que esperamos nós” (E.G.120)?
Fonte: aqui
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