sábado, 22 de março de 2014

Samaritana, plebeia de Sicar

«Vir à fonte. Ir em frente».
Mergulhados, no coração da Quaresma, meditamos nesta cena maravilhosa, do encontro de Jesus, cara a cara, com a samaritana. Ela é, na verdade, a «musa inspiradora» deste nosso caminhar sobre as águas do Batismo.
 (Veja AQUI o diálogo entre Cristo e a Samaritana)
 
1. Vir à fonte!
Vede: uma mulher da Samaria, essa terra negra de perdição, vai à fonte, em busca de água para beber, mesmo se o cântaro, à cabeça ou na mão, é apenas um pretexto, para mais um encontro, quem sabe, pouco edificante. Mas lá vai… um dia e outro dia. E tantas vezes, na sua sede, vai o cântaro à fonte, que um dia lá deixa a asa… Eis que lá está, junto ao poço de Jacob, Quem ela, no fundo de si mesma mais procura, mas que, por agora, desconhece e não esperaria, com certeza, ver por ali. Nesta mulher, insatisfeita, está o retrato da nossa sede, pois “não há homem, nem mulher que, na sua vida, não se encontre, como ela, ao lado de um poço, com uma ânfora vazia, na esperança de encontrar, que seja satisfeito o desejo mais profundo do coração, o único que pode dar significado pleno à existência. Hoje são muitos os poços que se oferecem à sede do homem, mas é preciso discernir para evitar águas poluídas. É urgente orientar bem a busca, para não ser vítima de desilusões, que podem arruinar”(SÍNODO DOS BISPOS 2012, Mensagem ao Povo de Deus, n.1). E, por isso, “nos desertos desta vida, há sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra prometida, mantendo viva a esperança” (Bento XVI, Homilia, 11.10.2012; cit. por Papa Francisco, E.G. 86).
2. Encontrar Cristo, água viva
E ali está Jesus, com sede da sede daquela mulher! E nós havemos de O contemplar, uma e outra vez, “para conseguirmos um diálogo parecido com aquele que o Senhor teve com a Samaritana, junto do poço onde ela procurava saciar a sua sede” (E.G.72). “Como Jesus no poço de Sicar, também a Igreja deve sentar-se ao lado dos homens e mulheres deste tempo, para tornar presente o Senhor na sua vida, para que O possam encontrar, porque só o seu espírito é a água que dá a vida verdadeira e eterna. Só Jesus é capaz de ler no fundo do nosso coração e de nos revelar a nossa verdade: «Disse-me tudo o que fiz», confessa a mulher aos seus concidadãos” (SÍNODO DOS BISPOS 2012, Mensagem ao Povo de Deus, n.1).
3. E daí, toca a “Ir em frente”.
Quem recebeu a vida nova do encontro com Jesus, não pode deixar de se tornar anunciador de verdade e de esperança, para os outros. A pecadora convertida torna-se mensageira de salvação e conduz a Jesus toda a cidade. Na verdade,a Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com Jesus, tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido às palavras da mulher»” (E.G. 120). Também nisto, ela nos inspira, a ser «pessoas-cântaropara dar de beber aos outros» (E.G.86). E o Papa Francisco não deixa de insistir: “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário” E explica:se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções! Por isso, não digamos mais que somos discípulos e missionários, mas sempre que somos «discípulos missionários»” (cf. EG 120).
Irmãos caríssimos: lembrai-vos disto: «Quem não tem fé não mata a sede! Mas quem tem a graça de a ter, está ligado a uma tarefa enorme: dar desta água bebida um testemunho ao longo de toda a sua vida» (Erri di Luca, Caroço de azeitona.,66). “Por que esperamos nós(E.G.120)?
 Fonte: aqui

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