Esta notícia fez-me pensar: "Português de 27 anos suspeito de escravizar compatriotas em Espanha" (pode ler aqui ).
Ficamos muito chocados - e ainda bem que ficamos - com a escravatura quando se estuda História. Contudo, apesar da abolição da escravatura, ela continua em nossos dias sob as mais diversas formas.
- Não faltam desgraçadamente relatos de portugueses aliciados para trabalhar no estrangeiro, sempre com a promessa de bons salários e boas condições de alojamento e de alimentação. Depois o falso angariador, criminosamente, retira os documentos de identificação e obriga as pessoas, mediante coação e com recurso a ofensas à integridade física, a trabalharem de sol a sol sem que depois lhes entregue qualquer retribuição pelo seu trabalho, impedindo-as, ainda, de regressarem a Portugal.
- Não faltam igualmente relatos de mulheres, quase sempre oriundas de países mais pobres, aliciadas com propostas de trabalho e de normais regalias sociais e que depois, nas mãos desses criminosos angariadores, foram forçadas a entrar no mundo da prostituição. Mais, muitas destas pessoas, para a alimentar o sonho de um futuro mais digno, entregaram aos aliciadores o que tinham e o que não tinham. E o sonho virou pesadelo: escravatura sexual.
- E aqueles que são forçados a entrar como correios da droga, tráfego de armas e outros?
- E aqueles que, levados pela necessidade de ganhar a vida, vão trabalhar para países onde lhes são negados direitos fundamentais como celebrar a sua fé? Que o digam os que têm que ir trabalhar para a Arábia Saudita e outros países semelhantes...
- Que dizer ainda dos empregadores que exploram ilegalmente a mão-de-obra estrangeira? Servindo-se da situação precária desses imigrados, pagam-lhes - quando pagam - ordenados de miséria, privam-nos das normais regalias sociais e forçam-nos a trabalhar para além do permitido...
Realmente, o homem continua a ser o lobo do homem. A fome do dinheiro, de enriquecer a qualquer custo, não liga a meios. Nada carboniza tanto o coração humano como o dinheiro quando alguém o transforma em deus.
Penso que a justiça deveria ser duríssima para com estes "bandalhos" que exploram a miséria e o sonho dos pobres.
Penso que temos uma opinião pública que faz um escabeche medonho quando um cão é abandonado, mas passa indiferente a situações reais e actuais de escravatura do seu semelhante.
Se o homem não defende o homem, que autoridade lhe resta para defender a restante criação???
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