Embora demasiado liberal para o meu gosto, o novo Presidente do PSD, Passos Coelho, parecia reunir perfil para Primeiro-Ministro. Fartinhos como estão de Sócrates, milhões de portugueses anseiam por uma alternativa credível.
E as primeiras atitudes que tomou agradaram a muitos, como aliás confirmaram as sondagens. Mormente o sentido de Estado quando, ultrapassando questões partidárias, foi capaz de dar uma ajudinha ao governo em matérias que têm a ver com todos nós como é o caso da nossa asfixiante dívida pública e a necessidade de credibilidade juntos dos mercados financeiros internacionais.
Mas vir agora com a questão da revisão da Constituição, essa como muita gente, não entendi.
Já conseguiu pôr a falar contra si alguns barões do seu partido, sempre prontos para umas facadinhas no líder. Já conseguiu dar trunfos a Sócrates, sempre perito em desviar as atenções dos portugueses para longe da sua governação mais que miserável.
Então, Dr Passos Coelho, alguém acredita que os graves momentos de crise pelos quais Portugal passa, têm como origem a Constituição?
Então, Dr Passos Coelho, não esperariam os portugueses ideias suas e do seu partido para combater o desemprego, aumentar a produtividade nacional, incentivar as empresas, combater a criminalidade, pôr a Justiça a funcionar, estancar a desertificação do interior??? Mas destes e de outros assuntos vitais, quem o ouve? Que traz de novo? Que esperança oferece?
Vir com a revisão da Constituição a estas horas, penso que ninguém entende. Não está aí o mal de Portugal.
Interrogo-me seriamente sobre as razões que levaram o Presidente do PSD a despoletar nesta altura o assunto da revisão constitucional... Confesso que não encontro uma resposta que me satisfaça. Vou-me perguntando:
- Será para trazer para a comunicação social a sua pessoa e o seu partido?
- Será para disfarçar a falta de ideias e de projectos que não tem para o país?
- Será uma ratoeira para atrapalhar a candidatura de Cavaco? Embora oficialmente Passos Coelho tenha declarado todo o apoio a Cavaco caso este se candidate, sabe-se que politicamente não vai lá muito com Cavaco à bola...
- Será para tomar a iniciativa política, obrigando o PS e Sócrates a andar a reboque?
- Será uma necessidade de afirmação interna, dizendo aos barões do seu partido que quem tem as rédeas é ele?
Perguntas de um simples cidadão, bem longe dos intrincados meandros políticos e partidários.
O governo está um caos, com figuras importantes do PS a criticar já o seu funcionamento. Ministros que dizem e se desdizem, ministros que dizem uma coisa e outros que dizem outra, ausência de projectos mobilizadores, a ideia de que o governo não vive na mesma terra dos portugueses, a insistência em obras faraónicas que mais arrastam o país para o caos, enfim, é descredibilidade instaurada.
A oposição é o que é. Os partidos de esquerda, como cassete, repetem sempre o mesmo discurso. Perante as enormes dificuldades do país, as mesmas ideias estereotipadas de sempre, sem capacidade de aterrar, de buscar novas respostas, se procurar consensos. Para estes o problema está nos muitos ricos por isto ou por aquilo. O PC ou o Bloco já questionaram o modo como está a ser gerido o "ordenado mínimo"? Só este caso...
O CDS vem agora com um governo de coligação a três. Por que razão agora? Ainda nem fez um ano que o governo entrou em funções... Por que razão não lançou esta ideia na altura própria?
O PSD, para espanto dos eleitores, sai-se com a revisão da Constituição. Penso que é uma ideia completamente despropositada no actual contexto nacional.
Depois o que é que acontece? Os portugueses cada vez menos confiantes nos políticos e de costas voltadas para eles... E quando levarmos esta linha de proceder até ao limite, veremos o que vai ser.
Fica-se com a ideia que neste momento de crise grave, o povo está sozinho. Os nossos políticos andam entretidos com Faits divers ...
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