O André tem 10 anos. É uma criança calma, divertida, alegre, pacífica, inteligente e sensível.
Mas é uma criança, claro! Há dias fez uma asneira em casa e a mãe repreendeu-o. Pouco tempo depois, fosse por descuido ou para tentar perceber até onde ia a paciência materna, repetiu a mesma asneira. Então a mãe, pessoa muito calma e grande educadora - penso que teria dado uma óptima professora - achou que devia tomar uma posição e deu uma palmada no rabiosque do filho.
Oh! Foi o bonito!
- Vou-te acusar à Protecção dos Menores! Fui vítima de violência doméstica. Vais ficar atrás das grades e eu não tenho pena nenhuma!
- Está, meu filho! E eu vou-te lá levar para não gastares dinheiro no telemóvel. Mas antes levas outra palmada, porque esses não são modos de falares com a tua mãe...
O pai, que se encontrava no escritório a trabalhar, apercebeu-se pouco depois que havia alegria a rodos na cozinha e aproximou-se, dizendo:
- Então ainda há pouco parecíeis cão e gato e já estais os dois na maior!...
- Ó pai, dusculpa lá! - respondeu o André - mas pareces uma criança a pensar! Confundes os tempos. Estávamos chateados há pouco, mas isso já passou.
- Pois claro - sentenciou a mãe. - A situação normal é estarmos bem. Conversarmos, rirmos, falarmos a sério no respeito pela condição de mãe e de filho. Mas às vezes, há excepções...
O pai encolheu os ombros, sorriu e debandou, não sem antes poder escutar o André:
- Ó mãe, não achas que nas poucas vezes em que nos chateámos, aumentou depois mais a nossa amizade?!
Pois, onde as famílias funcionam, as coisas são assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.