Tempo das amêndoas e pão de ló vigora. Páscoa, essa é apenas o preceito para alguns comprarem roupas novas e tirarem uns dias de férias. As tão esperadas férias num local paradisíaco. O descanso merecido.
Para que tudo isto seja possível, só há que resolver uma questão: despachar os velhos. Nem a crise económica é tão problemática quanto o estorvo daqueles que, simplesmente, querem envelhecer.Abordo este tema com experiência directa, não fosse o hospital um reservatórios para os idosos de muitas famílias. Estas "Famílias" vêem num hospital o local ideal para cuidar dos seus. No serviço de um dos Hospitais do Porto, desde há dois dias que se tenta contactar um dos familiares para levar o Sr. António (nome fictício) para casa.
Constantemente pergunta-nos "o meu filho já me vem buscar?". O semblante com que nos confronta já antevê uma resposta negativa da nossa parte. Todavia, ele precisa de ouvir "ninguém atende" para libertar as lágrima escondidas da alma. O Inverno da alma ganha vida. As mãos, Parkinsonicas, juntam-se entre as pernas, o pescoço tenta involuir no tronco flácido. O olhar, esse, cabisbaixo lá respiga uma expressão "não deve estar perto do telefone"...
Fica-se perplexo perante cenário. Como reagir?
http://voluntariodasaude.blogspot.com/2010/04/esquecidos.html
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.