segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aquilo que chocará o futuro são sem dúvida as tentativas radicais e atabalhoadas na legislação da família.

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Da proibição à promoção descarada
Se virmos com atenção, é impressionante o número e alcance das medidas de alguns meses. Em lugar destacado está a lei do aborto de 2007, responsável pelo morticínio de milhares. Às próximas gerações não passará despercebida a enorme fraude política de usar um referendo não vinculativo sobre a despenalização para impor não só legalização mas fomento com dinheiro de impostos. Deste modo, uma simples decisão inverteu totalmente a atitude legal face à prática, da proibição à promoção descarada.

O aborto é apenas um aspecto, de longe o mais sangrento, da vasta investida recente contra a vida. A "lei da procriação medicamente assistida" de 2006 assumiu um regime laxista e irresponsável na protecção ao embrião humano, ultrapassando o pior do mundo. As leis do divórcio de 2008 e uniões de facto de 2009 constituem enormes atentados à instituição familiar, só comparáveis à campanha de 2010 pelo casamento do mesmo sexo. Mais influente, o Estado sob a capa de educação sexual impõe às crianças e jovens a sua ideologia frouxa e lasciva. A tolice atinge o paroxismo em detalhes ridículos, como as praias de nudistas onde se anuncia regulamentação. Em todos os casos fez-se a coisa de forma apressada, ligeira e arrogante, à maneira dos tiranos de antigamente, sem respeito por instituições e articulados seculares.

Catástrofe demográfica
Desde 2007, a mortalidade ultrapassou a natalidade. Portugal é o país com menor fertilidade na Europa ocidental, das mais baixas do mundo. Esta catástrofe demográfica faz de nós um povo em vias de extinção e ameaça a nossa herança e cultura. O número de divórcios é mais de metade dos casamentos, enquanto a coabitação precária e os filhos fora do casamento explodem, gerando lares esfarrapados, insucesso escolar, depressões, miséria, crime.O futuro não compreenderá que o Governo não só não o note mas se encarnice em agravá-lo. As gerações vindouras só o entenderão atribuindo-o a um magno plano malévolo, como fazemos a Nero, Napoleão ou Hitler. A teoria vácua da "modernidade" invocada em discursos, será vista como capa para propósitos sinistros, cultos sexuais, taras pessoais, desequilíbrios doentios.
Fonte: JOÃO CÉSAR DAS NEVES, in DN, 25/4/2010

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