quarta-feira, 7 de abril de 2010

"Não sei! Sinto-me vazia por dentro!"...

Há tempos, conversava com um grupinho de gente nova. Um diálogo interessante, muito aberto e franco.
A certa altura, uma jovem dizia:
- Não sei o que se passa comigo. Sinto-me vazia por dentro. Parece-me que quero o que não quero e não quero o que quero. Entendem? E depois é uma sensação de perda que me esmaga...
A rapariga em causa namorava um rapaz de que gostava. Mas a períodos em que parecia que tudo estava bem, sucediam-se outros de ausência, distanciamento, com imensas dúvidas a pairarem no coração. "Será que ele gosta mesmo de mim? Será que não existe uma (s) outra(s), funcionando eu como um refúgio após possíveis fracassos? Será por outros interesses?" - A rapariga tinha mais do que motivos para se referir a tais "interesses"...
E lá vinha mais uma discussão forte, cada vez mais forte, onde normalmente o rapaz assumia a vitimização. "Sou um tolo, não te mereço... Perdoa-me! Eu vou corrigir-me, mas preciso de ti... Não me deixes, por favor! Acredita em mim, nunca te traí!"
Mas a moça tinha sempre aquela sensação de "pano com pregas", nunca de pano liso e transparente. Achava as desculpas esfarrapaditas, bem estudadas, com a preocupação de embrulhar a mentira em embrulho apetecível...

A certa altura, apareceu na vida desta rapariga um outro moço. Educado, alegre, preocupado com ela, sempre muito presente, confidente. A amizade foi crescendo e tornaram-se enormes amigos. Só que começou a notar da parte dele algo mais do que boa amizade. Sentia que ele "era doido por mim", referia ela.
- Olha, tu és o meu melhor amigo e, por isso, não te escondo nada. Sabes que gosto muito do Benjamim, apesar de todas as crises porque temos passado, Por isso, espero que respeites os meus sentimentos.
- Mas ele não te merece, é um oportunista! E tu deixas-te levar pelas suas lamechices! Acorda, miúda! - enfatizava o amigo.

Ela não sabia o que havia de fazer. Estava confusa. Por um lado, presa pelos arames do coração a alguém que só lhe dava aborrecimentos; por outro, sentia que podia perder o novo amigo o qual, embora talvez não amasse, era muito importante, já mais do que amigo...
- Eu sei que ele terá que procurar o seu caminho, se eu lhe fechar as portas do amor... E isso causa-me uma sensação de perda angustiante... Não sei se me percebem!

Uma outra moça do grupo sentenciou:
- Vai até onde te levar o teu coração.
- Pois! - respondeu a rapariga. - Tenho eu uma tia que em nova era lindíssima, com um ego até às pontas do cabelo. A todos os rapazes honestos, trabalhadores, correctos que lhe apareceram - e foram muitos - punha defeitos, alcunhas, gozava com eles. Mas a um vadio extravagante que lhe surgiu acolheu-o de braços abertos e com ele veio a casar. Sabeis o resultado? Porrada a dar c'um bicho, fome para ela e os filhos, toda a espécie de maus tratos...

Um rapaz desse grupinho, que se manteve sempre caladito, deitou então faladura:
- Já me diz a minha mãe: "O coração é cego, moço! Não te esqueças de o iluminar com a luz da inteligência."

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