segunda-feira, 13 de junho de 2022

Uma Igreja que é "fim de via" para alguém, nunca será a Igreja de Jesus Cristo

 
É licenciada em Germânicas. Fora minha colega  na escola onde ambos leccionámos. Acabou por efectivar numa escola no Centro do país. Por lá ficara e por lá acabou por casar e criar os filhos.

Ficámos amigos e, sempre que nos é possível, entramos em contacto, sobretudo pelo Messenger.

Fora sempre uma cristã convicta e dinâmica nas comunidades cristãs por onde passou.

E é dentro desta vivência cristã que me contou esta situação. Fê-lo com enorme sofrimento que eu partilho depois do que ouvi.

Há na paróquia onde reside um rapaz que fora em tempos seu catequizando. Este jovem acabou por entrar para o Seminário onde esteve até completar o 5º ano de Teologia, sempre elogiado pelos seus superiores.

Até que no fim do 5º ano, surgiu uma situação. Grave, como o jovem reconheceu. Foi chamado aos superiores e expulso, sem apelo nem agravo.

O rapaz saiu, na certeza de o motivo da expulsão ser grave. Não lhe foi dada qualquer alternativa, a não ser sair e sair!

Veio para o mundo com dois pesadelos: a expulsão como ferrete e a queda do sonho que sempre o iluminou: ser padre!

Cá fora, meteu mãos à obra e tirou um curso superior que lhe garante o pão de cada dia. Mas sempre a mesma vivência: católico convicto, apóstolo, colaborador leal da Paróquia, profissional empenhado e exemplar.   Está no coração da comunidade cristã que lhe reconhece o mérito de ser um dos principais intervenientes. Vida sempre exemplar em todos os aspectos. 

Muitas vezes, mais velhos e mais novos lhe põem a questão: porque não vais para padre? Ao que ele responde: estou disponível, falta que a Igreja me chame!

A minha amiga manifestava-se escandalizada. Desde que mandaram o rapaz embora há 6 anos, nem mais um telefonema, uma conversa, uma presença. Nem dos superiores do Seminário nem do Bispo, nem da diocese. E acrescentava a minha colega: “Depois fala o Papa em ir às periferias”. Como é possível se nem as periferias que existem na Igreja ou que os que têm poder na Igreja criam, merecem qualquer preocupação?

Os seus superiores, tão rápidos e fulminantes a julgar e a condenar, mostram-se agora completasmente indiferentes face ao percurso de vida, à emenda e à forma exemplar como o rapaz está na vida. O pecado farisaico e indecente da indiferença! Diz o Papa: "A indiferença mata!" 

Como posso ser feliz,
Se àquele meu Irmão
Eu fechei meu coração,
o futuro lhe proibi?

Diz o povo que “perna quebrada e consertada já não é quebrada.”  A igreja NÃO pode ser fim de via para ninguém!!! A igreja, à semelhança de Cristo, tem que ser sempre nova oportunidade. Todos chamados à conversão, todos chamados a nova oportunidade.

Não queremos uma “Igreja mundana”, orientada por um justicialismo mundanista, ao nível do “olho por olho” do Antigo Testamento. Queremos uma Igreja do Novo testamento, que proclama que o “melhor nome de Deus é misericórdia”. Uma Igreja que anuncia, vive e celebra o perdão!  “Se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até 7 vezes? Não te digo até 7 vezes, mas até 70 vezes sete.” (Evangelho)

Não é do "olho por olho" que o mundo está à espera. Isso já ele pratica à saciedade com as consequências que todos conhecemos. O mundo espera da Igreja a boa nova do perdão que implica a conversão. Perdão com o sabor genuíno que brota da vida e obra de Jesus Cristo.

Uma Igreja que é sempre notícia fresca pela perdão que vive!

Com a minha colega, também pergunto: o que aconteceria a S. Pedro diante da Igreja de hoje?  Não cometeu ele um crime de alta traição quando negou Jesus por 3 vezes?

Reparemos que Jesus nem sequer um raspanete lhe deu. Olhou-o apenas e Pedro chorou o seu pecado. Jesus não lhe tirou o lugar que tinha na comunidade cristã. Não o demitiu, não o expulsou. Manteve-o como 1º Papa.  Jesus não quer mesmo ser fim de via para ninguém!

Que a Igreja queira ao menos estar ao serviço da misericórdia! Se fizer isso, compreendeu o fundamental da Mensagem e da Vida de Cristo.

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