É licenciada em Germânicas. Fora minha colega na escola onde ambos leccionámos. Acabou por efectivar numa escola no Centro do país. Por lá ficara e por lá acabou por casar e criar os filhos.
Ficámos amigos
e, sempre que nos é possível, entramos em contacto, sobretudo pelo Messenger.
Fora sempre uma
cristã convicta e dinâmica nas comunidades cristãs por onde passou.
E é dentro
desta vivência cristã que me contou esta situação. Fê-lo com enorme sofrimento
que eu partilho depois do que ouvi.
Há na paróquia onde
reside um rapaz que fora em tempos seu catequizando. Este jovem acabou por
entrar para o Seminário onde esteve até completar o 5º ano de Teologia, sempre elogiado
pelos seus superiores.
Até que no fim
do 5º ano, surgiu uma situação. Grave, como o jovem reconheceu. Foi chamado aos
superiores e expulso, sem apelo nem agravo.
O rapaz saiu,
na certeza de o motivo da expulsão ser grave. Não lhe foi dada qualquer
alternativa, a não ser sair e sair!
Veio para o mundo
com dois pesadelos: a expulsão como ferrete e a queda do sonho que sempre o
iluminou: ser padre!
Cá fora, meteu mãos
à obra e tirou um curso superior que lhe garante o pão de cada dia. Mas sempre
a mesma vivência: católico convicto, apóstolo, colaborador leal da Paróquia,
profissional empenhado e exemplar. Está no coração da comunidade cristã que
lhe reconhece o mérito de ser um dos principais intervenientes. Vida sempre
exemplar em todos os aspectos.
Muitas vezes,
mais velhos e mais novos lhe põem a questão: porque não vais para padre? Ao que
ele responde: estou disponível, falta que a Igreja me chame!
A minha amiga
manifestava-se escandalizada. Desde que mandaram o rapaz embora há 6 anos, nem mais um
telefonema, uma conversa, uma presença. Nem dos superiores do Seminário nem do
Bispo, nem da diocese. E acrescentava a minha colega: “Depois fala o Papa em ir
às periferias”. Como é possível se nem as periferias que existem na Igreja ou
que os que têm poder na Igreja criam, merecem qualquer preocupação?
Os seus superiores, tão rápidos e fulminantes a julgar e a condenar, mostram-se agora completasmente indiferentes face ao percurso de vida, à emenda e à forma exemplar como o rapaz está na vida. O pecado farisaico e indecente da indiferença! Diz o Papa: "A indiferença mata!"
Como posso ser feliz,
Se àquele meu Irmão
Eu fechei meu coração,
o futuro lhe proibi?
Diz o povo que “perna
quebrada e consertada já não é quebrada.”
A igreja NÃO pode ser fim de via para ninguém!!! A igreja, à semelhança
de Cristo, tem que ser sempre nova oportunidade. Todos chamados à conversão,
todos chamados a nova oportunidade.
Não queremos
uma “Igreja mundana”, orientada por um justicialismo mundanista, ao nível do “olho
por olho” do Antigo Testamento. Queremos uma Igreja do Novo testamento, que proclama
que o “melhor nome de Deus é misericórdia”. Uma Igreja que anuncia, vive e celebra
o perdão! “Se o meu irmão me ofender,
quantas vezes lhe deverei perdoar? Até 7 vezes? Não te digo até 7 vezes, mas
até 70 vezes sete.” (Evangelho)
Não é do "olho por olho" que o mundo está à espera. Isso já ele pratica à saciedade com as consequências que todos conhecemos. O mundo espera da Igreja a boa nova do perdão que implica a conversão. Perdão com o sabor genuíno que brota da vida e obra de Jesus Cristo.
Uma Igreja que é sempre notícia fresca pela perdão que vive!
Com a minha
colega, também pergunto: o que aconteceria a S. Pedro diante da Igreja de
hoje? Não cometeu ele um crime de alta traição
quando negou Jesus por 3 vezes?
Reparemos que
Jesus nem sequer um raspanete lhe deu. Olhou-o apenas e Pedro chorou o seu
pecado. Jesus não lhe tirou o lugar que tinha na comunidade cristã. Não o
demitiu, não o expulsou. Manteve-o como 1º Papa. Jesus não quer mesmo ser fim de via para
ninguém!
Que a Igreja
queira ao menos estar ao serviço da misericórdia! Se fizer isso, compreendeu o fundamental da Mensagem e da Vida de Cristo.
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