Boas vozes, boa gente, boa vontade, mas quê... a Liturgia fica na gaveta!
Enquanto elemento litúrgico, a música deve corresponder ao sentido do mistério celebrado e conduzir os fiéis a participar nele, quer interior quer exteriormente.
Neste sentido, não são admissíveis aqueles cânticos que, pela música ou pelo texto, se afastam da linguagem própria da liturgia e desviem ou distraiam os fiéis do mistério celebrado.
O seu carácter sagrado e a sua adequação à Liturgia do Matrimónio são critérios fundamentais, acima dos gostos e das preferências dos noivos e/ou dos grupos que se apresentam para cantar ou tocar.
Enquanto elemento litúrgico, o canto deve integrar-se na forma própria da celebração; consequentemente, tudo – no texto, na melodia, na execução – deve corresponder ao sentido do mistério celebrado, às várias partes do rito e aos diferentes tempos litúrgicos.
Pois bem. É o que se sabe. Músicas de embalar, aleluias que demoram mais que o Evangelho, letras sofríveis, traduções péssimas.
De réplica em réplica, de cópia em cópia, de imitação em imitação, a coisa torna-se "viral" e a dada altura é o que está na moda. E não há volta a dar.
Ainda assim, cá estamos nós para procurar educar. Primeiro os noivos, que às vezes mandam de véspera o programa. Depois os coralistas e instrumentistas, se a presunção de alguns "artistas" não lhes desafinasse o ouvido, para a aprendizagem de coisas básicas da música e da liturgia.
Mas enfim a temporada só agora está a começar. Ontem e hoje já gastei mais tempo a responder paciente e "pedagogicamente" aos emails do que o tempo da celebração serena do casamento.
Já adivinho as respostas, as reações e até o argumento de que o programa já foi executado em casamento oficiado por alta patente da hierarquia.
Pois é, todos engolimos sapos vivos. Até o estômago os repelir, por não poder mais.
Mas obviamente que ainda há, nesta área, quem perceba do assunto e dê um belo contributo à celebração.
Amaro Gonçalo
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