quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Antes de falares aos homens de Deus, fala a Deus dos homens

Senhora simples na maneira de ser, na vida que leva, nos haveres que tem. É solteira e, felizmente, viva.
Estive como pároco no sua paróquia. É uma cristã que sempre admirei profundamente.
Afável, delicada e dedicada. Persistente.
Era a alma do grupo de catequistas, integrava a comissão da Igreja, sempre presente no coral que recatadamente entusiasmava e unia.
Nos tempos em que a assistência na saúde era mais difícil, ela dava as injecções aos doentes, cumprindo religiosamente a prescrição médica, fosse noite ou fosse dia. Sendo pobre, nunca abandonou os pobres e os doentes que visitava com especial afecto.
Onde houvesse problemas ou complicações entre pessoas, a Maria aparecia discretamente como elo de paz e de concórdia.
Nunca se queixava da sua falta de meios materiais. Para ela chegava sempre. Preocupavam-na os outros, os seus problemas, a saúde, as rivalidades, os amuos, os desentendimentos, a solidão dos idosos, a pobreza dos pobres.
Nunca a ouvi falar mal de ninguém. Porque se preocupava em realçar sempre o positivo que há em cada um.
Com o seu pároco, era delicadíssima, franca, leal. Quantas vezes, com os problemas, vinha apresentar sugestões para a resolução dos mesmos!
Tinha consciência profunda do que é ser comunidade. Assim, era recatada e humilde, mas admiravelmente responsável e serviçal. Nunca lhe ouvir dizer façam isto ou aquilo, mas afirmava ou sugeria convictamente: vamos fazer isto ou aquilo.
Mulher de estofo interior. Críticas injustas? Infelizmente. Maledicência? Também. Ingratidões? Não faltaram. Algo a fez desistir? Não. Nunca foi pessoa para perder tempo com desistências.
Entendi muito bem o segredo de uma vida gasta ao serviço dos outros. Estava no Sacrário.
Quantas e quantas vezes entrei naquela Igreja e vi a Maria recolhida, em profunda oração! A maneira como participava na assembleia cristã era em todos os aspectos edificante.
Ouvi uma vez um pai, ao fim de uma Profissão de Fé, chamar-lhe segunda mãe e segunda mãe dos seus filhos. Olhei então para a assembleia. As cabeças moviam-se em sinal de assentimento.
São cristãos desta ração, desta têmpera que a Igreja precisa para se renovar.

2 comentários:

  1. Boa tarde Sr. Padre!!! É destas pessoas que precisamos nos dias que correm, em que o preconceito e a crítica está acima de tudo. Precisamos de pessoas que não desistem perante as dificuldades...
    Fique com Deus...
    Um abraço

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  2. Em primeiro lugar um Bem-haja à Sra D. Maria! Também conheci uma pessoa parecida com ela,no empenho pelo que acreditava, o Sr. Caetano do Mosteiro. Todos os dias me lembro dele,qual abnegação, para com o Património que é de todos!
    Bem aventurados os que se dão a Cristo por amor!

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