segunda-feira, 31 de julho de 2017
D. Carlos I, Rei de Portugal, assassinado em 1 de fevereiro de 1908
D. Carlos I, Rei de Portugal, assassinado em 1 de fevereiro de 1908
- Em 1901, foi publicado o primeiro Código da Estrada, que impunha um limite máximo de 10 km por hora.
- O Rei D. Carlos tinha 150 criados e passava quatro meses por ano entre caçadas, mergulhos no Oceano e viagens de iate.
- O infante D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, não exercia qualquer influência na corte. "Nunca tinha vintém. Os ajudantes ou oficiais às ordens não lhe emprestavam dinheiro, porque sabiam que ele não lhes pagava", desvenda Raul Brandão nas suas memórias. A partir de 1902, o irmão do Rei tornou-se comandante honorário dos bombeiros, pelo que dispunha de um telefone especial em casa para ser informado das principais ocorrências. Mas sobressaiu essencialmente devido à sua paixão pelos carros. Ganhou até a alcunha de Arreda – por ser esse o grito que dava aos peões para se desviarem do caminho, numa altura em que só havia uma centena de automóveis em todo o País.
- O Rei D. Carlos também gostava de automóveis e há relatos de que chegou a ter sete da marca Peugeot – três deles (um 12 cavalos, um 18/24 e um 20 cavalos) foram comprados no mesmo dia, em 1906, quando foi inaugurado o stand dos Restauradores, e onde esteve presente o próprio fundador, Armand Peugeot, que veio de França para cumprimentar o seu melhor cliente em Portugal. Foi nestas viaturas que os príncipes, Luís Afonso e Manuel, aprenderam a conduzir.
- D. Carlos tomava banho no seu fato de malha às riscas, que cobria os ombros e chegava aos joelhos. Depois de dar as suas braçadas, numa altura em que a maioria das pessoas não sabia nadar, saía do mar e ia a pingar até à barraca real, onde mudava de roupa – na barraca, sempre que o Rei estava na praia, era hasteada a bandeira nacional.
- D. Amélia e os príncipes preferiam tomar banho noutra praia, que é hoje conhecida como praia da Rainha. No fim da monarquia, as senhoras entravam no mar de vestido de cauda e com toucas de folhos, de mão dada com o banheiro, "que começava por lhes despejar um balde de água pela cabeça".
- O principal passatempo de D. Carlos em Cascais era explorar o mar no seu iate. A partir de 1896 desenvolveu 12 expedições para inventariar a fauna subaquática na costa portuguesa. As campanhas oceanográficas, pelo espaço que exigiam em alto mar para ter, por exemplo, um laboratório a bordo, levaram o Rei a adquirir sucessivamente quatro iates, todos baptizados com o nome da mulher.
- Longe do mar, o grande prazer do Rei era a caça. Nas férias em Mafra, as caçadas prolongavam-se por três dias. No palácio com 11 quartos dispunha de uma cama exactamente igual à que tinha em Vila Viçosa ou no Palácio das Necessidades, para não estranhar e atenuar insónias, segundo o livro "D. Carlos, Atirador de Caça", de Águedo de Oliveira.
- Alguns dos momentos mais felizes da família eram passados em Vila Viçosa, onde o paço era rodeado por uma tapada com cerca de 1.700 hectares, um terço dos quais destinado a caça. Deslocavam-se ali para passar férias na Páscoa, ou no início do Verão, mas com mais regularidade para descansar todo o mês de Dezembro ou todo o mês de Janeiro.
- Apesar das suas múltiplas deslocações, segundo Rui Ramos, o Rei só saía de Lisboa depois de obter licença do presidente do Conselho, e frisava que voltaria imediatamente se o governo entendesse que era necessário por qualquer razão.
(Excertos de artigo publicado na SÁBADO em 19.8.2010)
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