Com
a revolução do 25 de abril de 1974, instaurou-se em Portugal um período
revolucionário, que atingiu o auge em 1975. Então a palavra
"fascista" era um chavão que se usava para insultar todos aqueles que
contrariavam ou não alinhavam com o espírito revolucionário em curso.
Num
determinado concelho, havia uma freguesia onde o alcoolismo era uma chaga
social. A esse mesmo concelho tinha chegado um grupo de jovens médicos, também
eles imbuídos do espírito revolucionário da época.
Ao
constatarem a chaga social pela qual passava a freguesia referida, falaram com
o jovem pároco. E por mais esta razão e aquela, a Igreja tinha que fazer
qualquer coisa por aquela gente, tão subjugada pelo álcool.
O
padre disse aos médicos que eles é que podiam ajudar as pessoas pois tinham
capacidades e conhecimentos para tal, referindo que faria tudo para que os
paroquianos comparecessem às sessões de esclarecimento.
Combinada
a 1ª sessão, com o salão à cunha, os médicos apareceram e falaram convictamente
sobre os malefícios do álcool para a saúde, para a vivência pessoal, familiar e
comunitária.
O
público começa a mexer-se nas cadeiras e, às tantas, uma voz lá do fundo da
sala fez-se ouvir:
-
Fascistas! Os médicos são fascistas. Querem que o povo beba leite para dar o
vinho aos ricos....
E,
uns atrás dos outros, foram abandonando a sala.
Os
médicos, completamente estupefactos com a cena que acabam de presenciar,
comentam para o sacerdote:
-
Realmente não fazemos o que devemos, fazemos só o que nos deixam fazer...
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