Há tempo para ficar uma tarde no café, para dar um passeio, para ir ver uma corrida, para presenciar um jogo de futebol, para passar tempos infindos na internet ou diante da TV.
Mas não há tempo para ir à Eucaristia. Para faltar à Missa, sobram desculpas, existe sempre muito que fazer, está-se sempre muito cansado, escasseia apetite...
Também não há tempo para visitar o pai/mãe, avô/avó velhinhos ou doentes, um amigo acamado, um vizinho solitário.
Também não há tempo para estar com a família, passar umas horas em família, brincar em família, partilhar em família...
Para ir ao Centro de Saúde, à Câmara ou à Junta, para fazer compras, para tratar de assuntos de interesse pessoal, nunca é longe, arranja-se sempre transporte, existe sempre tempo.
Mas para vir à Igreja, é sempre longe, "não tenho quem me leve", "tenho muito que fazer".
Para ver o futebol, uma corrida de motos, de jipes ou de carros velhos, para assitir a um cencerto que agrade, há dinheiro para a gasolina, para pagar o bilhete, para o almoço e para umas cervejas...
Mas para a Igreja e para o bem comum da comunidade, vem sempre o refrão de "pedinchões", lastima-se o pobre tostão oferecido (quando se oferece), é sempre muito, "não sei para que querem o dinheiro"...
É uma sociedade que cultiva a superficilidade de vida, o rápido que agrada mas esvazia, o efémero. Uma sociedade sem estofo, sem pensamento, sem profundidade de sentimentos, sem valores que estruturem o viver pessoal e social.
E ESTA É A GRANDE CRISE, donde, penso, emergem todas as outras.
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