A viabilização dos orçamentos de Estado, nos últimos anos, é uma tradição que sempre se cumpre. A pretexto dum exaltado sentido de responsabilidade, o unanimismo tem sido prática neste Parlamento, que faz lembrar a união nacional fascista.
Foi já com um "profundo sentido de Estado" que Manuela Ferreira Leite aprovou o orçamento de Sócrates, com os resultados catastróficos que se conhecem.
Foi ainda com base neste padrão de comportamento político que o PSD permitiu que Sócrates se mantivesse no poder, implementando os seus orçamentos e os sucessivos planos de estabilidade e crescimento, que apenas geraram instabilidade e não trouxeram qualquer crescimento.
Mudou o governo, mas mantém-se a lógica duma democracia incompleta, em que a oposição é coxa. O PS não constitui alternativa.
Comunistas e Bloco de Esquerda assumem-se como partidos de protesto, por razões de táctica eleitoral, para manterem o seu nicho de mercado político.
O Partido Comunista porque o seu eleitorado é demasiado ortodoxo e não pode contaminar-se com as políticas ditas de direita. O Bloco porque os seus apoiantes de classe média e idade também média se contentam em simular irreverência, para assim aliviarem a sua consciência.
Se governo e principal oposição coincidem nas opções, há alternância no poder, mas não há alternativa nas políticas.
As eleições servem então para quê? Apenas pa-ra decidir quem são os accionistas minoritários e maioritários do Estado português.
Os eleitores estão agora condenados a ter o PSD no poder, apoiado nessa muleta que é o CDS, e o Partido Socialista como conivente.
Em Portugal, instalou-se uma unicidade partidária doentia, abençoada pelo Presidente da República. O sistema político-partidário da terceira república esgotou-se.
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