terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Não podemos estar sempre à espera do Estado e das Câmaras para tudo

Estavam ambos muito confusos com a situação actual.
O marido vivia preocupado com a crise, que bem sentia no pequeno estabelecimento que dirige, o futuro dos filhos, o desemprego, as dificuldades económicas que, segundo ele, se vão acentuar em 2011.
A esposa mostrava-se chocada com os dados que a comunicação tem revelado acerca do consumismo dos portugueses. Dizia que não compreendia como é que, em plena crise, os portugueses gastaram mais no Natal do que no ano passado; tudo o que seja transporte e local de passagem de ano esteja esgotado; tivesse aumentado o número de carros de luxo comprados...
O marido então referiu que, embora haja centenas de milhar no desemprego, há muitos portugueses com reformas milionárias, gestores que ganham escandalosamente, ricos que, como sempre, medram nas crises... E, disse, há ainda a mania portuguesa do dar nas vistas, do parecer, do não ficar atrás do vizinho. Aparece gente que pede emprestado para ter uma passagem de ano de arromba ou que se priva do essencial durante o ano só para gozar uma passagem de ano ou umas férias de 'encher o olho'.
Então a esposa procurou um estribo para a sua faladura:
- Lá diz o quarto mandamento: "Não cobiçar as coisas alheias."
Então interrompi:
- O quarto!? Olhe que não, olhe que não! É o décimo mandamento.
- Pois, sabe que essas coisas esquecem... O senhor também nos podia ajudar colocando a doutrina no blog da Paróquia. Sempre era uma ajudinha...
- E tenho posto, amiga!
- Os dez mandamentos não me recordo de lá ver...
- Pois, mas não tardará a encontrá-los. (Nota, já lá estão - aqui)

A conversa continuou. Agora virou para a solidariedade. E os três nos perguntámos: Quantas famílias na miséria poderiam ser ajudadas com os gastos supérfluos deste Natal e passagem de ano!? Quanto progresso poderia ser conseguido se tais gastos supérfluos fossem desviados para o bem comum?
Não podemos estar sempre à espera do Estado e das Câmaras para tudo. Não queremos o comunismo, mas depois no dia-a-dia procedemos como se vivêssemos num Estado comunista. O Estado e as Câmaras é que têm que:
- arranjar emprego para toda a gente;
- resolver o problema da pobreza;
- assistir aos necessitados;
- cuidar da educação dos jovens e crianças;
- fazer casas para os pobres, etc
Perante as entidades públicas, procedemos como uns coitadinhos à espera que cuidem de nós.
Como sociedade, que fazemos dos nossos direitos e deveres cívicos?
Onde está a livre iniciativa?
Onde pára a solidariedade quotidiana? Só aparece nos momentos de tragédia?

Quanto mais nos pusermos na dependência dos políticos, mas reforçamos o seu papel controleiro sobre nós; mais lhes damos importância, mas estimulamos as tendências para a corrupção e o compadrio e menos eles entendem que não são nossos 'donos', mas nossos servidores. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.