É uma pessoa praticante que busca sempre as razões de acreditar. Tem a preocupação de ler e de se informar sobre a Igreja da qual gosta de falar "com quem tem obrigação de saber mais do que eu", como refere. Diz que "gostava de saber mais para amar mais e melhor". Há dias conversamos e foi colando as suas inquietações:
- Para quê os padrinhos de Baptismo que hoje só causam problemas à Igreja e depois nada assumem (ou porque não querem, ou porque não podem, ou porque os pais não deixam)?
- Por que razão se mantém o celibato dos padres quando é consensual entre os cristãos que os padres se poderiam casar?
- A Igreja continua a insistir na proibição dos métodos anti-concepcionais não naturais e no não uso do preservativo. Não seria muito mais credível se se concentrasse no essencial, como a defesa da vida desde a sua concepção até à sua morte natural?
- Por mais explicações que me dêem ainda não entendi nem encontrei pessoas que tivessem entendido isto:um casal celebrou o seu matrimónio, mas o casamento, por esta razão ou aquela, não deu certo. Em muitos casos, transformou-se num calvário vivo. O casal separou-se e um deles ou os dois recasaram. São agora felizes e vivem em lares felizes. Por que razão não podem comungar nem ser padrinhos? Então não quer Deus a felicidade do homem? E não dizemos nós que onde há caridade e amor aí está Deus? E então um casamento sem amor não é "prostituição legalizada"?
- Aqui há uns anos começou a generalizar-se a celebração da Penitência com absolvição geral. A Igreja interveio e proibiu esta forma de celebração da penitência como modo normal. Resultado, cada vez menos gente se abeira do Sacramento da Confissão. Não era mais do que tempo de a Igreja rever a celebração deste Sacramento? Ou estão à espera que ele acabe por "falta de uso"?
- Por que razão a Igreja fala tanto, tanto das vocações sacerdotais e se preocupa tão pouco com os leigos que, como o senhor muitas vezes diz, são a maioria absoluta dentro da Igreja? Ou os leigos só são Igreja no papel?
- Como já lhe ouvi e eu concordo, há muita falta de coerência e de verdade na vida de muitos baptizados. Só aparecem quando empurrados (são levados no Baptismo, são influenciados pelos pais para as "comunhões" e voltam a ser levados quando morrem). Não compreendo a "Missa de corpo presente" por quem nunca a quis durante a vida. Acho que há aqui uma violação da liberdade da pessoa. Porque não se toma uma posição? Claro que um pároco só por si não a pode tomar, pois seria trucidado, mas a Igreja pode e deve... Por que razão não o faz? Será que ainda está agarrada à velha cristandade embora saiba que esta já foi?...
- Desgosta-me imenso todo o espaço que a Igreja oferece ao conservadorismo quando, ao mesmo o tempo, o retira aos que querem caminhar, abrir horizontes. Numa Igreja - comunhão não deveria haver o mesmo espaço para todos? E mais até para os que fazem a Igreja dar passos em direcção ao futuro?
- Penso que deveria ser pensado o tempo de estada de um padre e de um bispo num determinado serviço (seja diocese, paróquia ou outro serviço). Quer se queira quer não, as pessoas acabam por se repetir e por cansar e, com isso, desmotivar. Além disso, com equipas sacerdotais as comunidades seriam servidas de maneira mais completa, quer pela variedade de estilos quer pela complementaridade de competências. Concorda?
- Sei que, no seu tempo, São Bás foi proposto para Bispo pelos cristãos daquela terra. Não acha que nós, os cristãos, deveríamos ter uma palavra a dizer na nomeação dos nossos Bispos e Párocos?
- Acho que a Igreja precisa de um novo Concílio onde estas e outras questões mais importantes possam ser aclaradas e surjam propostas evangélicas como reposta aos problemas do tempo actual...
Aqui partilho com os amigos visitantes as inquietações desta pessoa. Quem quiser ajudar a esclarecer ou partilhar as suas inquietações, faça o favor.
Obrigado.
Respondo sinteticamente ao mais essencial e controverso:
ResponderEliminar1. Padres casados na Igreja Católica do Ocidente?
Nem pensar. Tirem daí as ideias, para todo o sempre.
Deus não quer, nem seria, de modo nenhum, minimamente vantajoso, pesados todos os prós e contras, antes pelo contrário.
O homem que pretende constituir família, que jamais seja ordenado, e vice-versa.
2. Mulheres sacerdotisas na Igreja Católica?
Muito menos ainda, o que seria uma espécie de sacrilégio ou heresia, visto que é radicalmente contrário à natureza e constituição da Igreja Católica.
Se há diferenças essenciais e incompatíveis entre homem e mulher, nomeadamente quanto ao exercício de certas funções sagradas como o Ministério sacerdotal, esta é uma delas, em absoluto, por motivos óbvios.
Aliás, João Paulo II já deu a devida resposta, negativa e definitivamente.
3. Casais que contraíram validamente o Sacramento do Matrimónio, divorciados ou não pelo civil e recasados ou amantizados, sendo o outro cônjuge ainda vivo, vivendo assim adulteramente, em pecado mortal, a quererem receber a Sagrada Comunhão, apenas acessível a quem vive em estado de Graça santificante?
Isso não lembraria nem ao Diabo, pois é claramente contra a Lei de Deus e da Igreja.
4. Católicos casados pela Igreja a quererem usar legalmente preservativos e outros anticonceptivos artificiais, a maioria deles abortivos e/ou nocivos à saúde, para além de lesivos de alguns dos principais deveres dos cônjuges cristãos, e por tudo isso justamente proibidos pelo Magistério da Igreja?
A Igreja sabe perfeitamente o que faz e ensina, assim como o que permite ou interdita.
5. Celebração da Penitência com absolvição geral, ou Confissão colectiva normalizada?
Mais um absurdo que urge combater a todo o custo, pois a Igreja só concede tal licença muito rara e excepcionalmente, em casos extremos, como quando há numerosas vítimas de guerra ou catástrofe em grave perigo de vida, e portanto sem outra possibilidade de reconciliação sacramental e individual com Deus.
Se mesmo assim já há tantos abusos e sacrilégios, o que seria então sem a exigência e obrigatoriedade de Confissão individual e nas devidas condições...
Atenciosa e respeitosamente,
José Avlis
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Ao senhor José Avlis:
ResponderEliminar1."Deus não quer"
Quem lhe disse que Deus não quer? Então a opinião maioritária a favor do casamento dos padres vale menos do que a sua? Deus não quer? Vê-se. Não escolheu Ele como primeiro Papa um homem casado? Leia o Evangelho e veja como fala da sogra de Pedro...
2. Mulheres sacerdotisas? Veremos. Não é por eu ser mulher, mas acredito que tal virá a acontecer. Quando? Não sei.
3. "Isso não lembraria nem ao Diabo, pois é claramente contra a Lei de Deus e da Igreja."
O que não lembra ao Diabo é o farisaismo e o legalismo. "O filho do homem é superior ao sábado. O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado."
Aprenda isto: onde há caridade e amor aí habita Deus.
4. Quanto ao prservativo e anticonceptivos, nem vale a pena responder. Sabe porquê? Ninguém liga mesmo às proibições eclesiais. A Igreja e nós que defendamos a vida e toda a vida e deixemo-nos de picuices!
5. Quanto ao Sacramento da Penitência, ou a Igreja se actualiza ou é responsável pelo seu não uso. Como está, tende a acabar.
Com os melhores respeitos,
Maria Luisa
Permitam-me que exprima a minha opinião sobre os assuntos postos à consideração, que constituem, na verdade, pontos de certa discórdia entre alguns católicos.
ResponderEliminarLiminarmente, gostaria de dizer que me parece que muita da controvérsia existente actualmente radica nalgum desconhecimento, quer da orientação do Magistério da Igreja, designadamente as Encíclicas Papais, quer da Sagrada Escritura. Infelizmente, nós, católicos, não primamos, por via de regra, por um estudo aprofundado, nem dos textos bíblicos, nem dos documentos pontifícios, nem das obras dos grandes santos, teólogos ou pensadores católicos. Daqui que - por virtude de tal ignorância - se exprimam opiniões, por vezes sem fundamento nem conhecimento profundo de causa.
Passando agora em concreto às questões que são colocadas. Por comodidade, e porque há já dois comentários algo díspares, servir-me-ei da sistematização dos dois comentadores anteriores. Não irei alongar-me muito, por falta de tempo.
1.Concordo com a opinião de José Avlis. Para além de outras considerações de ordem teológica, é óbvio que hoje são cada vez maiores as solicitações a que são chamados a responder os sacerdotes, e as que envolvem a comunidade paroquial. Por isso, não consigo vislumbrar como é que um sacerdote casado poderia dar resposta cabal a tais solicitações, tendo de, simultaneamente, ocupar-se da vida familiar, esposa e filhos e outros familiares (por exemplo, pais e sogros, na velhice destes). Seria tarefa ciclópica!
2. Mulheres sacerdotisas, Maria Luisa...? Não posso concordar. José Avlis expôs bem o porquê de tal contrasenso. Ajuntarei outro, de ordem mais prática: como é que a Maria Luísa, mãe e esposa, conciliaria a vida do lar e o apoio à familia com a disponibilidade absoluta que o ministério de "sacerdotisa" lhe imporia...?! Sejamos realistas...
3. De novo em consonância com José Avlis. Esta questão - e as que lhe são circundantes -, e a confusão que lhe subjaz, parece que só pode nascer de falta da exacta compreensão do que seja o Sacramento do Matrimónio.
4. Esta questão está perfeitamente definida pelo Magistério. Agora, cada um que faça a sua escolha com os ditames da sua consciência. Tendo, porém, em conta, que a Igreja, na sua sabedoria milenar, sabe bem o que é melhor para o homem.
Defender a Vida é estar aberto ao plano Criador de Deus e não utilizar métodos que são comprovadamente abortivos, pese as informações médicas de quem apenas lhe interessa lucrar à custa da ignorância geral...
5. A absolvição geral creio que não fará sentido. Cada pecador responde apenas por si. O exame de consciência e o arrependimento são actos íntimos de cada ser humano, em ligação profunda com Deus.
Um abraço ao Sr. Padre Carlos, pela abertura de espírito que mais uma vez demonstra, e aos amigos comentadores que, com sinceridade, aceitaram responder a estas questões que inquietam os católicos. E que todos me desculpem alguma incorrecção ou falha praticada. Além da ignorância...
In corde Jesu,
Evágrio Pôntico
À Maria Luísa:
ResponderEliminarEnfim, a IURD não responderia pior!
Com a agravante de - pasme-se! - já vários 'membros' da Igreja pensarem e agirem analogamente!
Com 'católicos' assim, não vamos a lado nenhum, antes pelo contrário, pois será o caos total!
Ainda bem que existe a suprema e perfeitíssima Justiça de Deus, para além da Sua imensa Misericórdia (para os pecadores humildes e arrependidos), assim como o Inferno eterno (para os pecadores soberbos e obstinados)...
Valha-nos Deus e Maria Santíssima!
Rezo por si (assim como por mim mesmo) e por todos os demais 'cristãos' rebeldes, heréticos a apóstatas, que desgraçadamente é o que mais há por aí...
"Sinais dos tempos"!
Respeitosamente,
Luís Maria
Saúdo os dois visitantes que, tal como eu, ofereceram a todos o seu comentário.
ResponderEliminar1. Posso não concordar, mas sei apreciar a amabilidade, a convicção, a humildade e o espírito de diálogo de Evágrio Pôntico. Sinto-me edificada com a sua postura e sei que podemos dialogar.
2. Quanto a Luís Maria, a sua postura afasta toda a espécie de diálogo, pois nenhum diálogo é possível com o fundamentalismo.
E peço que lembremos sempre que foi o legalismo e fundamentalismo religioso de alguns judeus que condenou à morte Jesus Cristo. Esses de quem Cristo disse que tinham "um coração de pedra."
3. Li uma vez numa revista cristã que conhecemos rapidamente o pensamento ultra-conservador. Nisto: preocupa-se muito com leis, Direito Canònico, tradições, dogmas. Mas apresenta preocupações zero quanto à caridade, aos pobres, à miséria no mundo, à solidariedade. Lembra-me muito o pensamento de Jesus: "Este povo louva-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É vão o culto que me presta."
O ultra-conservadorismo jamais tem abertura de espírito para aceitar a boa-nova do Senhor: "Prefiro a misericórdia ao sacrifício."
Também eu, humilde católica, rezo por todos.
No amor de Cristo,
Maria Luísa
Caríssimo P. Carlos,
ResponderEliminarAcho que ninguém melhor do que o Sr. para responder a estas questões. Da minha parte, sem pretender ser mais do que ninguém, e apenas com a vontade de ajudar, acho que seria conveniente, para dar uma resposta adequada, distinguir várias coisas.
Em primeiro lugar, as questões que a pessoa põe não estão todas no mesmo nível. Algumas das respostas já foram dadas por Jesus de modo claro (no que respeita, por exemplo, à indissolubilidade do casamento, por exemplo, e, por conseguinte, à impossibilidade de contrair novas núpcias depois da pessoa já se ter casado pela Igreja, e com a conseguente impossibilidade de aceder à comunhão eucarística).
Há, em segundo lugar, questões cujas respostas, apesar de não estarem claramente dadas por Jesus, são consequência directa do facto de Jesus ter posto, nas mãos de Pedro e dos seus sucessores, a capacidade de dar uma resposta a esse tipo de questões. Refiro-me, por exemplo, à questão dos anti-conceptivos, do celibato e tudo o que são questões sobre os sacramentos, como a confissão e as absolvições colectivas.
Por último, há questões cuja resposta é meramente disciplinar, como a questão da nomeação de bispos, e a questão do tempo que os bispos e sacerdotes se mantêm numa determinada função.
Por conseguinte, não estando as respostas todas ao mesmo nível, há questões que são opináveis (como as questões disciplinares) e outras que nem por isso.
A melhor maneira de responder a essas questões é procurando dar a conhecer as respostas que a Igreja já deu. Os porquês a essas perguntas estão muito bem explicados no Magistério, sobretudo, no Catecismo da Igreja Católica. Para cada um desses pontos (excepto os relativos às questões disciplinares, como a nomeação de Bispos, etc.), a resposta está lá e é muito clara.
Em Cristo,
P. José Alfredo
Caro P.e José Alfredo:
ResponderEliminarObrigado pela tua presença amiga e pelo comentário sereno.
Eu falei com a pessoa. Dialogamos longamente.
Só quis trazer para aqui as suas inquietações para suscitar a reflexão, o diálogo sadio, a partilha, o esclarecimento.
Um abraço em Cristo.
minha nossa senhora, os comentários do avlis e similares são de envergonhar o próprio Deus. vade retro.
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