Segundo o Vaticano, entre 1964 e 2004, 69 mil padres abandonaram o sacerdócio para se casar.
11 mil padres requisitaram, durante os últimos 40 anos, o retorno ao sacerdócio. Alguns ficaram viúvos, outros estavam insatisfeitos com a vida conjugal e grande parte deles arrependeu-se.
Fonte: Correio da Manhã
Estatísticas valem o que valem, porque casa caso é um caso.
- Há padres que são felizes ( penso que a esmagadora maioria) e que vivem a fidelidade à vocação sacerdotal com alegria, pese embora o "barro de que todos somos feitos".
- Haverá padres para quem a vida sacerdotal, com todo o seu cortejo de exigências, se tornou numa cruz pesada, mas que, apesar de tudo, são fiéis ao compromisso assumido, vivendo a liberdade da entrega até ao fim.
- Há sacerdotes que, apesar da generosidade e da entrega iniciais, descobriram que "aquele não era o seu caminho". Abandonaram e seguiram a sua via.
- Há padres que abandonaram o sacerdócio por motivos vários (crise de fé, imaturidade afectiva, solidão, incompreensão das comunidades, choque com a hierarquia, etc) e que depois pediram para regressar quando as circunstâncias o permitiram.
- Haverá também quem achando que devia sair não seja capaz de dar o passo e quem achando que devia regressar não seja capaz de o fazer. Não esquecemos que cada pessoa é um mistério, nunca dedutível a uma equação matemática.
Nesta Ano Sacerdotal, seria bom que todos déssemos um paço em frente:
- Que a Igreja seja mesmo "espaço de comunhão". Que a "comunhão eclesial" deixe de ser uma expressão bonita e simpática e passe ao dia-a-dia da vivência eclesial.
- Que cada vez mais o padre se dedique ao seu múnus específico e deixe de ser "o faz tudo". Menos burocrata e gestor e mais padre.
- Que os leigos assumam em plenitude a sua função na Igreja, convictos da vocação baptismal, pois todo o baptizado é um enviado. Uma Igreja clerical que apresenta o padre-galinha ou padre-todo-o-terreno não é a Igreja de Jesus Cristo, conforme no-lo recorda o Concílio Vaticano II.
- Que haja entre o Bispo e os serviços centrais de cada diocese uma mais intensa vivência da comunhão sacerdotal. O padre não pode ser visto e SENTIDO como um "cobrador de impostos" para a diocese ou como um bom funcionário que "não dá problemas ao Bispo".
- Que não sejamos "mais papistas do que o Papa" e não estejamos sempre a lembrar e a reforçar os deveres do padre. A alguns que falam da vida sacerdotal apetece a perguntar se estarão a falar para humanos ou para seres angélicos. Falemos antes na alegria da entrega no âmbito da pobreza e da limitação humanas. É que o mais importante tem de ser sempre o Cristo que trazemos nas nossas mãos de barro.
- Que o padre, que prescindiu de uma família, encontre em cada família da sua paróquia a sua família.
- Que haja mais corações que amem, mais inteligência, vontade e mãos que colaborem e MENOS línguas a reivindicar o irreivindicável e a semear a falsidade, a lama e o sofrimento.
- Que as comunidades se preocupem muito, mas muito mais com Jesus Cristo do que com as tradições dos homens.
Tenho saudade da coragem, daquele fogo que me ardia e me fazia não calar. Tenho saudade das loucuras que me faziam cair e levantar, cair e levantar até aprender…agora fico-me pelo sensato e parece que nada aprendo. Tenho saudade do tempo em que olhava para mim…agora dói-me a renúncia a mim mesma! Tenho saudade de certezas, de chão firme…saudade do que não serei nunca! Se pudesse, matava já a saudade, mesmo que isso me fosse irremediavelmente desfavorável!
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