quarta-feira, 31 de julho de 2024

Por este pedaço da Diocese, bem podem os leitores concluir que as coisas não andam fáceis por essa Diocese fora...

 Há 10 anos, trabalhavam neste espaço pastoral estes sacerdotes: Matias, Manuel Ramos, Carlos, Armindo, Vítor, José Ramos e Adriano. Entretanto o P.e Manuel Ramos partiu para o Pai, os P.es Matias e Armindo adoeceram . Três sacerdotes que deixaram a vida paroquial e  apenas um vai chegar. O P.e José Miguel, até agora Pároco de Penedono.  

Outros, por motivos de saúde e cansaço, bem mostraram desejo de deixar a vida ativa, mas não foi possível este ano, pois não há nenhuma ordenação sacerdotal.

Por este pedaço da Diocese, bem podem os leitores concluir que as coisas não andam fáceis por essa Diocese fora...

Precisamos, como Igreja sinodal, de acolher caminhos novos, escutando o que o Espírito diz à Igreja. Uma Igreja menos, muito menos clerical, e muito, muito mais povo de Deus.

Uma Igreja onde os leigos despertem finalmente e assumam a sua vocação batismal e onde os ministros ordenados (Bispos, padres e diáconos) estimulem constantemente os leigos assumir o seu batismo no dia a dia da Igreja e do mundo.

Uma Igreja onde os padres sejam mais acarinhados, correspondidos e defendidos pelos crentes. Menos farpas, menos má língua e mais oração e amizade.

Uma Igreja centrada em Cristo e na exigência do Evangelho. Não, não e não ao porreirismo mundano para agradar e criar simpatia. O porreirismo na Igreja é puro mundanismo. 

Cristão que se preze não procura o facilitismo. Nem  na catequese, nem na celebração dos Sacramentos, nem noutras circunstâncias. Porque sabe que ao procurar o facilitismo está a ser mundano e a conspurcar o rosto de Cristo. O Evangelho da liberdade é o Evangelho da exigência! Por isso o padre e o bispo não podem fazer do porreirismo facilitista o caminho!

É PRECISO MUDAR!  QUE CADA UM MUDE! "Convertei-vos e acreditai no Evangelho." - Jesus

Mudar para uma Igreja inclusiva que seja para todos. Mas uma Igreja que rechaça liminarmente que ela seja tudo!!!

A Igreja é para todos, mas não é para tudo!

A Igreja não pode ser um supermercado de sacramentos onde só se vai quando apetece e para as coisas que apetece e exigindo que tudo seja feito conforme apetece!  Isso é andar a brincar com o que é Santo!

Sejamos cristãos sérios e sérios cristãos! Chega de andar a criticar quem pratica, talvez para esquecer a má consciência de não praticar! 

terça-feira, 30 de julho de 2024

FEZADAS E FESTINHAS NA(S) IGREJA(S)

 “Não sabia” (não quiseste saber). “Nunca me disseram” (nunca quiseste ouvir). “Cá tenho a minha fé” (então não precisas da Igreja). “Falo diretamente com Deus” (e regista o que Ele te diz). “Gosto de rezar sozinho” (sabes lá o que é comunidade!). “Vou a Fátima todos os anos” (e à bruxa ou aos arraiais?). “A religião não é sempre a mesma?” (talvez, o dever de ir à Missa aos Domingos já tem dois mil anos). “Sempre me ensinaram assim” (há sempre quem rejeite a teoria da evolução). E outras demagogias e lugares-comuns que justificam as diferentes fezinhas, fezadas e festinhas.

A Fé não é uma teoria, um sistema religioso ou ideológico, um ritualismo vazio e desencarnado nem uma simples filosofia (teosofia?), uma boa vontade inócua. Tão pouco há de ser apresentada e defendida a olhar para os “registos” passados (o cemitério e as cadeias estão sobrelotados) ou adiada para o futuro das boas intenções, que cevam o Inferno. A fé cristã (dos que seguem Cristo) é presente ( = hoje e dom): vivida (vivenciada) nas escolhas, valores/princípios e prioridades. A fé diz-se com a vida.

Dizer-se cristão (ser?) é conhecer (amar) Cristo: Pessoa e Mensagem (Evangelho). É encontro de pessoas (Ele, Eu, Nós = comunidade) que se amam, conhecem, (con)vivem e se empenham em dar continuidade ao Reino por Ele inaugurado. É saborear o Pão e Palavra dos filhos de Deus em cada banquete dominical que Jesus nos oferece. Que privilégio!
É a “hora” de matar de vez a hipocrisia (má-fé, artimanha) e mentira da “fé à la carte”, onde cada um sabe tudo, escolhe o que quer, rejeita o que não lhe dá jeito, define os próprios valores e doutrina, dissemina gostos e oculta princípios ao arrepio do Evangelho. Piedosos e oportunistas. Devotos e usurpadores. Gente que faz da igreja um salão de festas, do padre um fantoche e dos outros cristãos uns pategos, dos quais se riem e criticam ferozmente. Sem esquecer que “tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta”.
Quem muito conhece, muito ama. Quem muito ama, quer encontrar-se. Quem O encontra, mais O há de dar a conhecer. E quem O diz razão da sua vida, mais razões tem para O levar à vida aos outros. Porque a identidade do cristão é Cristo: “É que, para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro.” (Fil 1,21)
O Papa Francisco sugere, mas muitos insistem em não entender (padres e bispos incluídos): «A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cómodo critério pastoral: «fez-se sempre assim». Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respetivas comunidades. Uma identificação dos fins, sem uma condigna busca comunitária dos meios para os alcançar, está condenada a traduzir-se em mera fantasia.» ("Evangelho da Alegria" 33)
(P. António Magalhães Sousa)