quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

"Xorei, xorei, xorei"

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Há algumas décadas atrás, havia aqueles sermões longos, proclamados a partir do púlpito,  sobretudo nas chamadas pregações.
Pregador que se prezasse tinha que fazer chorar as pessoas, especialmente as senhoras mais idosas.  
Ao sair da Igreja, as idosas  comentavam:
- Que belo pregador! Xorei, xorei, xorei!
Ao que outras acrescentavam:
- Tamém me fartei de xorar!
Ao chegar a casa, D. Ana disse ao marido:
- Não sabes o que perdeste! Um pregador assim nunca vi na nossa terra… Enchi-me de xorar…
- E o que disse assim de tão comovente o pregador? - perguntou o marido.
- Isso eu não sei nem tomei conta. Só sei que me fartei de xorar!
-Olha se era para chorares, ias ao Teatro Ribeiro da Conceição ver uma daquelas peças que deixam o público de lágrima no olho… Garanto-te que demoravas menos tempo.
Realmente em tempos antigos muitas pregações destinavam-se a mexer com a sensibilidade medrosa das pessoas... Ele era o Diabo, ele eram as dores das almas no Purgatório, ele  eram  as dores do Crucificado, ele eram histórias terríficas…
Resultado: uma fé cheia de medos do Inferno, a ideia de um Deus castigador e terrível, uma fé individualista, estilo, "eu cá quero salvar a minha alminha, os outros é com eles…"
E este genes está inda vivo na vida de muitos crentes que têm de Deus o conceito que está muito longe do Deus de que nos falou Jesus Cristo.
O Deus de que falou e testemunhou Jesus, é um Pai sempre disposto a perdoar. misericordioso, de braços abertos para nos receber, sempre atento e preocupado com a pessoa humana.
O Deus justiceiro e sempre pronto a castigar não é o Deus cristão, é pagão.

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