terça-feira, 21 de junho de 2011

Tomou posse o novo governo

Para inventar um estado de graça

Pedro Passos Coelho tomou posse como primeiro-ministro num contexto de enormes dificuldades, sem paralelo na história da democracia. No dia em que ganhou as eleições, recusou triunfalismos e falou em mais dificuldades. O estado de graça parecia ser do domínio da saudade, ao tempo em que ainda era possível fazer promessas. E Passos Coelho parecia condenado a ser um primeiro-ministro sem estado de graça.

No discurso de hoje, no palácio da Ajuda, o primeiro bom discurso que fez depois da vitória de 5 de Junho, Pedro Passos Coelho pediu aos portugueses o direito a ter um estado de graça. Fê-lo sem mudar o discurso. Disse simplesmente que o estado de graça não se ganha só com promessas. A confiança é um valor mais importante. E um político que não tem vendido ilusões aos eleitores pode fazer da confiança uma promessa.

Passos Coelho centrou o seu discurso em torno de uma ideia central: a do pacto para a confiança, a responsabilidade e a abertura. Em torno dessa ideia de que um pacto novo entre o poder e a sociedade, articulou uma visão de mudança assente na transparência do governo, no envolvimento colectivo e numa sociedade menos dependente do Estado e aberta ao mundo. A confiança e a transparência são os valores mais importantes desse pacto.

Num tempo de crise como este, não há mais nada para oferecer. Passos Coelho lembrou aliás que o endividamento de um país também se paga em autonomia política.

Não é certo que os portugueses vão dar a Passos Coelho o estado de graça que ele lhes pediu. Mas com este discurso Passos Coelho conseguiu pelo menos criar um estado de confiança com os portugueses. Foi isso que ele inventou.
Fonte: aqui

SINAIS...
Apertar o cinto não pode ser só para os mesmos de sempre. De cima têm que vir gestos e sinais que indiquem que o Estado também aperta o cinto. E estão a vir. Oxalá que sejam mesmo significativos...
- Menos ministros
- Não nomeação de novos governadores civis
- Ministro que foi à tomada de posse de motoreta
- Humildade democrática no tocante à presidência da Assembleia da República. Fernando Nobre não conseguiu ser eleitos em duas votações. Retirou a candidatura e fica como deputado. O PSD apresenta, esta tarde, nova candidatura: a deputada Assunção Esteves. A ser eleita como tudo indica, atendendo às reacções de vários partidos, será a primeira mulher a ocupar o cargo. Também isto é novo.

Esperanças...
Num contexto de gravíssima crise económica em que os portugueses são chamados a reinventar modos de ultrapassar este "cabo das tormentas", guiados pela esperança de o vencer, gostava:
- Que o interior do país entrasse na agenda política do governo, fosse valorizado e promovido;
- Que a educação encontrasse um rumo após a bagunça do consulado lurdista que a deixou pelas ruas da amargura;
- Que, em tempos tão difíceis, merecesse todo o empenho a segurança de pessoas e de bens que se tem deteriorado a olhos vistos;
- Que o bem comum prevalecesse clara e distintamente sobre os interesses de lobbis e poderes instalados. Um sinal claro poderia ser dado, por exemplo, no campo da medicina - campo em que o país é manifestamente carente - abrindo mais escolas para a formação de muitos mais médicos.
- Que, como falou o primeiro-ministro no discurso de posse, os pobres, desempregados e aflitos fossem totalmente incorporados na carruagem nacional.
- Que a verdade marcasse sempre a relação entre governantes e governados. Chega de anos de demagogia!

1 comentário:

  1. Pedro Passos começou muito bem ao utilizar a area economica do avião em vez do luxo da executiva. Um exemplo a vir de cima. Muito bem agora é para continuar. Já chegamos ao cúmulo dos islandeses fazerem um jogo sobre nós, em que estamos na penúria mas gostamos de andar com carros de alto luxo...

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