Isto significa que mais de 800 milhões de pessoas não usufruem de uma alimentação saudável, de qualidade ou em quantidade suficiente para suprir suas necessidades.
Ontem, 16 de outubro, foi Dia Mundial da Alimentação e da Luta Contra a Fome.
O tema do Dia Mundial da Alimentação 2014: “Alimentar o Mundo, cuidar o planeta” tem, como objectivo fundamental, sensibilizar para a importância da agricultura familiar e dos pequenos agricultores. Centra a atenção mundial no relevante papel da agricultura familiar e na erradicação da fome e da pobreza, na promoção da segurança alimentar, na melhoria da nutrição e da qualidade de vida, na gestão dos recursos naturais, na protecção do meio ambiente e no desígnio do desenvolvimento sustentável, em particular nas zonas rurais. A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano 2014 como “Ano Internacional da Agricultura Familiar”. Este é um sinal claro de que a Comunidade Internacional reconhece a importante contribuição dos agricultores familiares e da segurança alimentar familiar. Paralelamente, o Parlamento Europeu declarou 2014 como o “Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar” , tendo por objectivo promover a tomada de decisões vinculativas, com vista à resolução do problema do desperdício alimentar existente na Europa. De acordo com um estudo publicado pela Comissão Europeia, antes da entrada da Croácia na EU, a produção anual de resíduos alimentares nos 27 Estados-Membros rondava os 89 milhões de toneladas, podendo mesmo chegar aos 126 milhões de toneladas em 2020, caso não sejam implementadas medidas preventivas urgentes. Trata-se de uma problemática de consequências graves no âmbito ético-social, ambiental e económico (a produção destes alimentos envolve gastos em terrenos, energia e água, recursos humanos, etc.), à qual nem todos estão sensíveis. Na Europa, o desperdício de produtos hortofrutícolas próprios para consumo ronda os 30%. Em Portugal, de acordo com dados estatísticos do ano passado, cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano, ou seja, 17% do que é produzido, vai para o lixo. São números preocupantes, sem dúvida. Mas são, sobretudo, números que todos devemos combater. De empresas ao consumidor comum, é urgente uma mudança de mentalidades que deverá começar na despensa e no frigorífico de cada um. O objectivo é claro: alertar para a necessidade urgente da redução imediata do desperdício alimentar. A mudança está em cada um, nomeadamente, não comprar em demasia, não ter excesso de produtos no frigorífico, ter atenção aos prazos de validade, não confeccionar refeições em excesso, utilizar, sempre que possível, os produtos da época. O Dia Mundial da Alimentação foi criado com o fim último de promover a discussão e a reflexão acerca de assuntos como fome e segurança alimentar, evocando temas que nos fazem pensar na população carente, sua segurança alimentar e nutrição. Enquanto, para muitos de nós, a dificuldade reside em escolher o que vamos comer, muitas pessoas não têm acesso a qualquer tipo de alimento. Sabia que mais de 800 milhões de pessoas vivem numa situação denominada “insegurança alimentar”? Isto significa que mais de 800 milhões de pessoas não usufruem de uma alimentação saudável, de qualidade ou em quantidade suficiente para suprir suas necessidades. A alimentação adequada é um direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), no seu artigo 25º, “toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação (…)”, devendo o poder público adoptar as políticas e acções que se considerem necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população. Entende-se por segurança alimentar uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Uma realidade que, infelizmente, não é vivenciada por uma parte, cada vez maior, da população portuguesa e por grande parte da população mundial. Aproveite e reflicta acerca dos seus hábitos alimentares, no desperdício e de que forma pode contribuir para mudar o contexto da alimentação mundial. Pequenas atitudes fazem a diferença e tornam o mundo melhor.
Fonte:aqui
Papa condena especulação
com preços dos alimentos
O Papa Francisco apelou ao fim da especulação financeira com os preços dos alimentos e ao combate ao desperdício, como forma de superar o problema da fome no mundo.com preços dos alimentos
“Quem sofre com a insegurança alimentar e a subnutrição são pessoas e não números: precisamente pela sua dignidade de pessoas, estão acima de qualquer cálculo ou projeto económico”, escreve, numa mensagem enviada ao diretor-geral da organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, divulgada hoje pelo Vaticano.
O Papa sustenta que para vencer a fome não basta atender às situações de emergência, mas é preciso “mudar o paradigma das políticas de ajuda e de desenvolvimento”, para além de “alterar as regras internacionais” em matéria de produção e comercialização de produtos agrícolas.
“Até quando se vão continuar a defender sistemas de produção e de consumo que excluem a maior parte da população mundial até das migalhas que caem das mesas dos ricos?”, questiona.
Nesse sentido, a mensagem pontifícia defende que “chegou o momento de pensar e decidir a partir de cada pessoa e comunidade e não desde a situação dos mercados”.
Francisco sustenta, a respeito da celebração do Dia Mundial da Alimentação, que “a enorme quantidade de alimentos” que se desperdiçam, os “produtos que se destroem” e a “especulação com os preços em nome do deus lucro” são um dos “paradoxos mais dramáticos” dos dias de hoje.
“Apesar dos avanços que se verificam em muitos países, os últimos dados continuam a mostrar uma situação inquietante, para a qual contribuiu a diminuição geral da ajuda pública ao desenvolvimento”, acrescenta o texto.
A FAO propôs este ano uma reflexão sobre a agricultura familiar e o Papa convida a comunidade internacional a “reconhecer cada vez mais o papel da família rural e a desenvolver todas as suas potencialidades”.
Francisco lamentar que “as normas e iniciativas” em favor da família estejam muito longe de responder às “exigências reais”, pedindo que as reflexões deem lugar a decisões “concretas”.
O texto recorda as vítimas dos conflitos e da crise global, que atinge em particular os pobres, sublinhando ainda a importância de “preservar a criação” como um bem de que depende “a vida da família humana”.
In agência ecclesia
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