terça-feira, 4 de março de 2014

Quando haverá liberdade na Ucrânia?

O verdadeiro motivo da luta: liberdade e dignidade


Nos últimos meses temos acompanhado as manifestações e conflitos que acontecem na Ucrânia, na cidade de Kiev. A praça central, Maidan, passou a ser conhecida mundialmente, já que se tornou palco principal dos conflitos. Aleteia entrevistou Padre Michajlo Dymyd, sacerdote grego-católico de Leopoli, que permaneceu na praça com o povo ucraniano e passou a ser chamado: “capelão da liberdade. O papel da Europa é fundamental.

Tenho consciência de que existirá muito trabalho a se fazer para voltar a normalidade, sobretudo no aspecto cultural e de mentalidade. Por isso, creio que somente quando o último monumento de Vladimir Lenin (revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa, líder do Partido Comunista), for destruído, o nosso povo começará a ser concebido em plena liberdade.


Qual responsabilidade tem agora a Igreja no seu país? 

É necessário que eduque seus filhos a liberdade.

Santo Agostinho dizia “o meu coração não terá paz até encontrar o Senhor”. A Igreja precisa falar do sentido verdadeiro da liberdade: poder fazer o bem. Se eu faço o bem, sou livre. Se não quero fazer o bem, não sou livre. E quando pode haver liberdade? Quando você está em contato com seu Criador, porque liberdade é andar em direção ao Criador, porque fomos destinados a Ele. Cada um deve se questionar: Sou livre? O que fiz ao próximo? Estou em relação com o Criador? Esta é a liberdade que a Igreja deve educar. Praça Maidan”.

Padre Dymyd, o senhor pode nos contar sobre estes últimos dias de revolta?

Após o banho de sangue de alguns dias atrás, agora as pessoas estão tentando se reencontrar.

Aquilo que se pode ver hoje na praça são centenas de milhares de homens e mulheres que têm nos olhos a tristeza, mas também tantas perguntas sobre o futuro. Existem pessoas que trazem flores em memória daqueles que morreram, os jovens que morreram pela liberdade da Ucrânia são chamados de “pelotão celeste”, porque as pessoas verdadeiramente acreditam no sacrifício deles, não apenas humano, mas também como sacrifício aceito pelo Senhor.

Por que perante a lei foi importante permanecer na praça todos os dias? Qual foi sua experiência em meio as manifestações?

Eu fui ali antes de tudo para rezar e para sustentar as pessoas. Ajudo eles a terem em mente o verdadeiro motivo da luta: a liberdade e a dignidade. E como se pode alcançar isto? Com meios diferentes do Evangelho? Não! Amar o próximo, também o bandido.

A coisa mais bonita foi a oração. Quando um rezava, todos rezavam na praça, e isto não perturbava ninguém. Um ateu podia também estar na praça e não era perturbado pela oração do sacerdote. Todos participavam, cada um do seu modo. Era claro que o Espírito agia nas pessoas, porque todos entendiam a oração um do outro, mesmo se dita em maneira incompreensível e com gestos normalmente não aceitos.

Uma coisa bonita também foi o fato de ter sido bem quisto pelas pessoas. Tiveram aqueles que me disseram: “sem vocês sacerdotes, não existiria vitória”. Ou seja, eu estava ali como embaixador do Senhor, também porque podia batizar, crismar, casar, rezar sobre os defuntos, absolver os pecados dos que estavam à beira da morte e visitar os doentes. A praça é o lugar ideal para uma pastoral intensa.

O presidente Yanukovych foi eleito democraticamente e agora foi afastado. Este ato é realmente útil para o bem do país? Não se corre o risco de criar um vazio no poder e uma consequente anarquia?

Eu penso que Yanukovych foi eleito democraticamente, mas através das fraudes eleitorais, porque é muito estranho o fato de ter recebido tantos votos. Penso que seja correto compará-lo a Hitler. Também ele foi eleito, era chanceler da Alemanha naquele tempo e depois sabemos como tudo acabou.

O problema do vácuo no poder está quase resolvido porque o parlamento já fixou a eleição presidencial. Daqui a alguns meses existirá um novo presidente eleito democraticamente.

Alguns sustentam que o novo governo “revolucionário” da Ucrânia está nas mãos dos fascistas e neonazistas. É real este rumor?

O povo ucraniano está pacificado e não fará nenhum extremismo. Mas é preciso esclarecer o conceito de nacionalismo. Aqui na Ucrânia o patriotismo é chamado nacionalismo, ou seja, o nacionalista não é extremista, mas quer apenas o bem da sua pátria e não o mal da pátria dos outros. A Ucrânia é um Estado jovem, tem 22 anos e tem perto de si a Polônia, que aceita e ajuda a proclamação do Estado ucraniano, mas infelizmente existem nações como a Rússia que procuram opor-se à independência.

Como o senhor imagina o futuro desta nação?

Um povo escravo precisa de muitas gerações para sair desta condição.

Existe agora um grande desafio para os intelectuais, as mídias, as instituições, as Igrejas: ajudar cada ucraniano a ser livre, a aprender a conhecer a  liberdade. O papel da Europa é fundamental.

Tenho consciência de que existirá muito trabalho a se fazer para voltar a normalidade, sobretudo no aspecto cultural e de mentalidade. Por isso, creio que somente quando o último monumento de Vladimir Lenin (revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa, líder do Partido Comunista), for destruído, o nosso povo começará a ser concebido em plena liberdade.


Qual responsabilidade tem agora a Igreja no seu país? 

É necessário que eduque seus filhos a liberdade.

Santo Agostinho dizia “o meu coração não terá paz até encontrar o Senhor”. A Igreja precisa falar do sentido verdadeiro da liberdade: poder fazer o bem. Se eu faço o bem, sou livre. Se não quero fazer o bem, não sou livre. E quando pode haver liberdade? Quando você está em contato com seu Criador, porque liberdade é andar em direção ao Criador, porque fomos destinados a Ele. Cada um deve se questionar: Sou livre? O que fiz ao próximo? Estou em relação com o Criador? Esta é a liberdade que a Igreja deve educar.
Fonte: aqui

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