sexta-feira, 12 de maio de 2023

Dois casos que me tocaram nos últimos dias...

O P.e Georgino Rocha, da Diocese de Aveiro, morreu nesta terça-feira, 9 de Maio, aos 82 anos, na Casa Sacerdotal onde residia.
Conheci o P.e Georgino quando eu era seminarista e ele um jovem padre. Recordo especialmente um encontro de Verão no âmbito do Movimento por um Mundo Melhor.
Apreciava imenso a sua fé comprometida, a proximidade natural, a competência e bagagem intelectual, o Aggiornamento, a aragem e clareza das ideias e proposta, a sintonia com a Igreja (costumava dizer-lhe que ele citava documentos dos papas como quem bebe água...). Ontem como hoje, a minha admiração para quem puxa a Igreja para a frente. Permitam-me a franqueza. Entendo que o grande flagelo da Igreja atual são os movimentos ultraconservadores e fundamentalistas que teimam em trazer para os nossos dias o farisaísmo que empurrou Jesus para a morte... São porventura grupos minoritários a quem as novas tecnologias permitem super ampliar a gritaria.

Escreve António Marujo em "7Margens":
" A 12 de Março, numa das últimas publicações na sua página do Facebook, Georgino Rocha foi buscar uma citação do padre Vítor Gonçalves, de Lisboa: “Não é a cruz que salva, mas o amor que nela foi e é crucificado. Não nos especializemos em fazer cruzes, mas em viver do amor até ao fim, que é o de Jesus. Nas coisas simples e profundas de cada dia, na atenção ao essencial, no esforço e no trabalho que elevam, na dedicação e não na burocracia. Onde existem cruzes que merecem receber o amor que atrai!”
No livro Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural (ed. Princípia, 2007), Georgino Rocha escreveu: “É indispensável atender à dimensão popular da salvação e ‘inventar’ caminhos de evangelização acessíveis. Há experiências bem alicerçadas e cheias de interesse pastoral. Deus quer salvar-nos como povo. (…) A opção por grupos e pequenas comunidades tem a função de fermento, a fim de levedar toda a massa. Embora em minoria, a Igreja jamais pode renunciar à missão universal, ao horizonte do para todos e com todos.” Movia-o a paixão pela renovação da Igreja feita a partir da base e capaz de entender os anseios da sociedade. Uma renovação que, como disse no ano passado num dos artigos que decidiu escrever para o 7MARGENS, estava a “necessitar de novos impulsos”.

Descansa em paz, P.e Georgino! Tenho a certeza que vais bater muitas vezes ao Coração de Deus para que envie o Espírito Santo a fim de empurrar e arejar a Igreja, despoluindo-a e embebendo-a na Pessoa e Mensagem de Jesus Cristo!
Uma vez  Igreja pelo Batismo, Igreja para sempre. Seja neste mundo, seja na Vida Eterna.

Ele dá  a comida à esposa
O senhor Bispo esteve na Santa Casa da Misericórdia, no âmbito da Visita Pastoral a esta Paróquia.
Tudo correra muito bem e estávamos a partilhar uma refeição com os idosos. Nisto olho para o lado e vi um homem a dar de comer a uma senhora. Com um carinho e delicadeza tocantes. Informei-me e soube que eram marido e mulher. Ela com uma das doenças mentais da moda.
Este gesto marcou-me e encharcou-me o dia de satisfação. Não resisti e fui ao encontro do casal. "Faço sempre isto" - disse convictamente o senhor. 
No tempo do casa e separa, separa e casa, é bom sentir, viver  o testemunho da alegria de um amor que não foge, mas que se torna  beleza do serviço até ao fim. Afinal "as mais belas rosas têm espinhos"... Então não acrescentemos espinhos às rosas, mas aumentemos o perfume e encanto das rosas para que notemos menos os espinhos.

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