Escreve o Papa Francisco no “Evangelho da Alegria”: «A Igreja «em saída» é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade.» (nº 46)
Não me parece tal afirmação dizer - como tantos querem fazer crer - que tudo deve ser permitido e facilitado na Igreja. O que afiança, de modo muito claro, é que a Igreja não pode rejeitar (e deve estar atenta) aos mais frágeis, desprotegidos, feridos e vítimas de atropelos humanos e conjunturas sociais. Nunca pode fechar as portas a quem dela se aproxima na esperança de consolo, ajuda e conforto.
Nos tempos da minha infância saíamos de casa e deixávamos as “portas abertas”. Porque as pessoas eram sérias. Aliás, entravamos na casa dos vizinhos como se fosse nas nossas, sem sequer pedir licença. As pessoas tinham crédito, seriedade, honestidade. Hoje não é assim. Trancam-se as portas. Constroem-se muros vedados. Colocam-se grades de ferro ou sebes de cedro. Instalam-se alarmes e portões automáticos… Porque temos medo. Há muitas pessoas que não são sérias. O perigo espreita a qualquer hora e em qualquer lugar.
(1) Vão-me dizer que as pessoas que procuram a Igreja apenas nos momentos de fazer a festa dum batizado ou duma “primeira comunhão” são sérias? Claro que não. São oportunistas = servem-se dum sacramento (sinal da graça de Deus) como pretexto para a promoção de festas e convívios humanas.
(2) Vão-me dizer que pessoas a viver juntas ou apenas casadas civilmente, que se abeiram da Sagrada Comunhão, são sérias? Ou aquelas que não participam habitualmente na missa dominical e quando calha lá ir comungam como se nada fosse são sérias? Claro que não. Estão a profanar sacrilegamente o Corpo do Senhor e até destilam antipatia e impropérios se alguém ousa chamar-lhes a atenção!
(3) Vão-me dizer que aqueles emigrantes que só aparecem nas igrejas para fazer batizados, primeiras comunhões ou casamentos são sérios? Ou aqueles que nas terras onde vivem não têm qualquer ligação com a comunidade religiosa local e chegam cá querem ser servidos cheios de salamaleques são sérias? Claro que não. Acham-se uns sabichões que, com duas de paleio e uns tostões, podem fazer tudo o que lhes apetece e nós temos de os servir caladinhos!
(4) Vão-me dizer que aqueles cristãos que correm para Fátima (e até anunciam isso com pompa e circunstância) e passam o resto do ano arredados das igrejas e da vida das comunidades são sérios? Claro que não. Até podem passar por lá tomar a “vacina da fé” e tranquilizar uma “forma estranha de consciência”, mas sem o reforço semanal (Domingo – Dia do Senhor) não tem qualquer efeito, antes pelo contrário…
Igreja de portas abertas? «De boas intenções está o inferno cheio».
(P. António Magalhães Sousa), aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.