segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

85º Aniversário

Dia 4 de janeiro. Meu pai celebra 85 anos de vida.
Os familiares que puderam estiveram na refeição da noite. Os que não puderam estar, marcaram a sua presença através do telefone. Todos.
Depois da refeição simples e familiar, cantámos os parabéns e rezámos o terço onde os presentes apresentaram ao Senhor as suas intenções. Agradecemos a Deus a vida, o pai e o avô que ele tem sabido ser, o testemunho  e o garante da unidade familiar.
Aos 85 anos, embora com problemas de ossos que o obrigam a recorrer ao bordão para se deslocar, mantém uma memória mais afinada do que qualquer computador. Uma memória geográfica de excelência. Quem me dera a mim! Nomes, espaços, datas, pormenores descritivos, evocações, histórias vivas, recordações... Uma memória viva e colorida, pois não fica no esqueleto , conserva o detalhe.
Sempre o conheci sem vícios. Nunca fumou, nem foi pessoa de tabernas ou borracheiras. Não foi pessoa dada a libertinagens. Embora gostasse sempre de conviver e de rir, não era dado a linguagem menos própria. Nunca lhe ouvi um palavrão.Austero nas comidas, não é nem foi pessoa de comezainas. Sempre se alimentou bastante mal, até por esquisitice de boca.
Se se pode falar de vício, apenas um. A ida a Lamego às quintas-feiras que ainda hoje mantém. Sempre me recorda arranjar um motivo para ir à cidade no dia de feira. Atualmente, seja no Verdinho seja à boleia de familiares ou de amigos, não falha. E fá-lo com uma novidade. Vai tomar um café com os amigos, algo que agrada imenso aos filhos.
O grande foco da sua vida sempre foram os filhos e agora os netos. É para eles que vive.
Há anos, um viúvo dizia-me: "Antes tivesse partido eu em vez da minha mulher. Ela sabia manter a unidade da família, coisa que eu não consigo."
Não se passa tal com meu pai. Por formação e por empenho, ele congrega e une toda a família. Mesmo os netos jovens e jovens-adultos, com cosmovisões muito diferentes, mantém com ele uma relação próxima, amiga, respeitosa.
Pessoa de terço diário, nunca deixa a Eucaristia dominical, faça sol ou faça chuva. Amparado no seu bordão, caminha para se unir à assembleia celebrante e, com os irmãos na fé, louvar, bendizer e glorificar o Pai.
Embora contrariando vivamente os filhos, ainda trabalha muito apesar da idade e das lacunas físicas. Sinto que o faz para ter que dar aos filhos e netos.
As pessoas têm-no como bom conselheiro, dom que a universidade da vida lhe aprimorou.


Por tudo e por tanto, parabéns, pai! Que Deus te conserve muitos anos entre nós.

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