quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Não é fácil o dia-a-dia de uma mãe nos tempos que correm!

Embora ligado, o despertador nem é preciso. Apenas uma questão de precaução.
Às 6 horas, marido e mulher saltam da cama. Higiene matinal, preparação do pequeno almoço a dois. Depois ambos se sentam por uns momentos para partilhar a refeição. "É importante começarmos juntos, partilharmos estes primeiros instantes do dia, darmo-nos mutuamente força para os desafios e imprevisto que sempre podem acontecer."
O marido, porque trabalha longe, tem que sair mais cedo. É então a hora de acordar os três filhos e aturar as quezílias que o despertar sempre acarreta. Um, porque só mais um bocadinho de cama; outro que não gosta daquela roupa que a mãe lhe preparou; outro que se esqueceu de pôr na mochila o fato de educação física...
Não tomam o pequeno almoço sem estarem todos à mesa.  Mas um nunca mais se despacha; outro barafusta que assim não chega a horas à escola; outro que o leite arrefece...
Finalmente todos no carro. Há que deixar um numa escola, outro noutra e ainda outro noutra. A palavra mais escutada é 'despacha-te'. Mas um esquece-se de tirar do carro o guarda-chuva e volta atrás; outro que se esqueceu de pedir o dinheiro para carregar o cartão; a mais pequenina porque não parte para a escola sem um momento de colinho e sem muitos beijinhos...
Ufa! Chega ao emprego cansada, algo nervosa. Diz para si própria que tem que se aclamar, que deve separar as coisas, que as preocupações familiares ficam à porta do trabalho.
À hora exata está no local de trabalho, com a boa disposição de sempre, mesmo quando por dentro, rolam lágrimas.
Não é dada a confusões, a jogos, a intrigas. Procura apenas ser uma boa profissional, colaborando e ajudando, sem 'trunfos na manga'. Apesar de ser assim, e talvez por ser assim, nem sempre é bem vista pelos colegas. Mas isso não lhe retira o gosto de ser assim.
Hora de almoço. Como sempre vai a casa que não fica longe. Prepara alguma coisa para comer e aplica o resto do tempo a cuidar das tarefas domésticas. Isto de ser esposa e mãe de três filhos pequenos traz muitos encargos. É altura de receber e fazer vários telefonemas. Liga à mãe para ver se o pai está melhor. Liga ao sobrinho que faz anos nesse dia. Recebe o telefonema do filho mais velho a queixar-se da comida na cantina. Atende a amiga que precisa de desabafar porque em casa as coisas vão mal...
Volta pontualmente ao emprego. A tarde decorre com alguma calma, mas a certa altura irrompe pelo espaço o 'boss' gritando pelo trabalho que pedira para o fim da manhã e ainda não aparecera. A colega que o devia fazer, meia sonsinha - exepto na língua -  como sempre atrasara-se e estava agora  atarantada. Não gosta de ver ninguém enrascado. Por isso levanta-se e vai ajudar a colega. Tem que lhe dar para atender o ultimato do 'boss'. Determinada e organizada, consegue. Nem um gesto de reconhecimento recebe da colega. Mas isso, embora sinta, não lhe retira da boa disposição.
Começa agora a recolha. Passagem pelas escolas, para levar os filhos. Cada um quer deitar cá para fora tudo de uma vez. Não se ouvem uns aos outros, só querem que a mãe os ouça. Tenta pôr calma, organiza a intervenção dos pequenos. Mas não é fácil. Crianças deste tempo...
Em casa corre de quarto para quarto para ajudar nas tarefas de casa dos filhos. E quando chamam todos ao mesmo tempo?  E quando a pequenita não a larga porque está carente, precisa de miminhos e de atenção?  O telefone toca, toca! É a mãe a dizer que o pai piorou, mas que não quer ir ao médico. Que só ela tem jeito para o levar a fazer o que tem de ser feito. 
E quando lhe falam no pai, acabou. Tem sempre a prioridade. Explica aos dois mais velhos o que têm de fazer, pega na pequenita pela mãe e lá vai para casa do pai. Depois de muita paciência, consegue convencê-lo a ir ao médico. Mas ele insiste que só vai se a filha o acompanhar. E os pequenos que ficaram em casa sozinhos? E o jantar? E o marido que volta sempre muito tarde, porque o trabalho assim o obriga?
Liga ao marido para telefonicamente ir controlando os filhos e voa para o hospital. Uma fila de espera a perder de vista. O pai a queixar-se. A mãe apressada e desesperada.
O marido telefona-lhe a dizer que tem tudo sobre controle em casa. Que não se afligisse, que depois os dois preparariam o jantar.
"Obrigado, querido!" - sussurra ao telefone.
E aquela voz calma, firme, quente renova-lhe as forças e sente-se mais determinada. E enquanto abraça a mãe que tema neta ao colo e segura carinhosamente as mãos do pai, vai dizendo no coração: "Obrigado, Senhor, pelo meu marido!"

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