quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Idosos em maus lençóis

Os últimos dias foram fartos de notícias tristes sobre idosos. Vários velhinhos foram encontrados, mortos há semanas, meses e até nove anos. Como a idosa Augusta Duarte, de Rio de Mauro, ali para os lados de Sintra.

«Filho entrou em casa do pai de 72 anos e matou-o com uma foice que estava no quintal. Vila Verde de Raia, Chaves» - 12 de Fevereiro de 2011.

«Filho de 43 anos espancou e violou a mãe, de 78. As agressões prolongavam-se há anos: o filho atirava R. contra as paredes, empurrava-a pelas escadas abaixo, atirava a sua cama para o meio da rua, como se fosse um móvel velho, acabado e inútil. R. fugia de casa mas calava-se. Tinha sofrido um AVC mas recusava-se a ir para um lar para não deixar o filho sozinho.» - Proença-a-Nova, Dezembro de 2010. À Associação de Apoio à Vítima (APAV) chegam todos os dias histórias como as atrás referidas. De acordo com os números da associação, 649 idosos foram vítimas de crimes em 2010, mais dez do que em 2009 (639). Das 7711 vítimas de crime assinaladas pela APAV no ano passado, 8,4% têm mais de 65 anos.

A APAV ainda não reuniu os dados detalhados sobre idosos vítimas de crime em 2010. Mas Maria de Oliveira, responsável pela campanha de sensibilização sobre a violência contra os idosos promovida pela APAV, adianta que o cenário é idêntico ao dos anos anteriores: "A maioria é agredida pelos familiares mais próximos."

Em 2009, 72% dos crimes contra idosos foram cometidos pelos filhos, netos, cônjuges ou companheiros das vítimas. São os filhos quem representa a maior fatia do bolo: dos 639 crimes contra idosos 238 foram cometidos por um filho ou filha (37%), seguidos de 207 casos em que foi o cônjuge ou o companheiro o autor do crime.

Segundo o Bispo D. Carlos Azevedo, estas situações demonstram, "antes de mais, uma crise da família que não é capaz de manter uma relação com as pessoas que já estão dependentes de outras".

Isto é o resultado da sementeira que se tem vindo a fazer, de uma moral que prega o bem-estar individual e egoísta e se esquece que, eventualmente, ao nosso lado há pessoas que precisam de nós.
In O Amigo do Povo

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