segunda-feira, 6 de junho de 2011

NÃO HAVIA NECESSIDADE

O momento foi quase surreal e o incómodo tornou-se evidente.

Estava o ainda primeiro-ministro a responder a perguntas após ter anunciado a sua demissão, quando uma jornalista o confronta com a possibilidade de vir a ser envolvido em processos judiciais.

Os apupos foram sonoros e a perplexidade notória.

Acresce que a jornalista era da emissora católica portuguesa.

Confesso que até eu me senti arrepiado.

É preciso ter um sentido de oportunidade naquilo que fazemos.

Percebe-se que haja curiosidade quanto ao futuro dos políticos, mas importa ter uma noção dos limites.

Aceita-se que a função da comunicação social seja incomodar, mas a daí a provocar vai uma grande distância.

Independentemente da valoração da acção e do perfil do político em apreço, dava para ver que aquele não era um momento fácil.

Um político é, antes de mais, um ser humano.

Que estas atitudes sejam tomadas por alguém em nome de uma emissora católica só faz aumentar o grau de preocupação.

Não havia necessidade.

Fonte: aqui

6 comentários:

  1. Sr. Padre Carlos, com todo o respeito, permita-me que manifeste a minha opinião de forma contrária.

    Creio que a jornalista foi corajosa - ela foi, no fundo, a porta voz da maioria dos Portugueses! A grande maioria deseja que a verdade seja revelada para se saber quantos crimes, e em que grau de ilicitude, cometeram este indivíduo e correligionários, que desmantelaram um País em meros 6 anos de desgoverno caótico e corrupto!

    Foi uma jornalista que, quanto a mim, teve, sim, um raro sentido de oportunidade. Coisa que o demitido (alguém acredita que ele se tenha demitido por vontade própria...? Foi o "patriarca" Almeida Santos que o obrigou) nunca teve em relação a Portugal!

    "Chapeau" à brava jornalista!
    Pois por que razão esse tiranete, o maior aldrabão da História de Portugal, teria de ser tratado de maneira suave, ele que nunca se importou com o destino e os interesses dos Portugueses, mas, sim, e exclusivamente, com os dele e os dos seus asseclas da maçonaria...?!

    É de jornalistas desta estirpe que estamos precisados - não dos subservientes e lambe-botas ao socretino, que tanto ajudaram a dar uma falsa ideia do que se passava em Portugal!

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  2. Senhor Evágrio Pôntico:
    Respeito a sua posição, mas não concordo com ela. As razões? Estão no post que transcrevi e que estamos a comentar.
    Como o senhor certamente já se apercebeu, não tenho admiração por Sócrates e isso foi ressaltando por aquilo que ao longo dos anos aqui fui postando. Mas digo-lhe uma coisa: se lá estivesse no momento em que a jornalista colocou tal questão, certamente não resistiria a assobiar também. É que a Igreja tem valores e posturas que se não os preservar, que anda cá a fazer???
    Com os melhores cumprimentos.

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  3. Sr. Padre Carlos,
    a troca de opiniões sinceras é apanágio de gente bem intencionada.
    Por o estimar - embora não o conheça pessoalmente -, porque vejo no seu blogue opiniões sensatas e cheias de valores e princípios cristãos, é que tenho vindo a comentar no seu blogue.

    Aceito a sua posição, Sr. Padre Carlos. Contudo, continuo a discordar.
    A jornalista em causa, pelo facto de integrar os quadros da RR, não ficará eximida de poder pensar pela sua própria cabeça...
    Creio, aliás, que qualquer Português digno desse nome, gostaria de fazer as mesmas tais perguntas.

    Creio, mais, que os católicos, com o dever especial do compromisso com a Verdade e a Justiça, tudo devem fazer para que uma seja aclarada e outra cumprida.
    Não sei por que razão se há-de ter cuidados especiais com quem nunca respeitou os Portugueses, mas, ao contrário, sempre os desprezou, e conduziu o País a uma situação de miséria patrimonial e moral...

    Paz e Bem.

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  4. "Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus." (Mateus 5:43-48)

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  5. Sr. Padre Carlos, agradeço-lhe a citação de Mateus. Neste mundo, cada vez mais repleto de ódios, invejas e más vontades, é sempre bom parar e ler as Escrituras - sobretudo o Novo Testamento - único Caminho seguro para a edificação da alma.

    Sem querer entrar em polémica - embora sã -, e porque sou apenas um ignorante leigo, que aspira a ser melhor cristão, gostaria, contudo, e ainda a propósito das perguntas feitas pela jornalista da RR ao homem que se preocupou apenas com ele próprio, e em ajudar os amigos e prejudicar os adversários, até levar o País à bancarrota, gostaria, dizia, de deixar aqui à reflexão um outro texto do Evangelista Mateus, passagem bíblica que o Sr. Padre Carlos conhece melhor do que eu:
    Mateus 10, 16.

    Penso que nós, católicos, devemos procurar retirar todo o largo sentido que este admirável texto encerra.

    Espero não ser mal entendido. Penso que se deve estar sempre à defesa na presença de víboras,
    sempre prontas a lançar o bote... mesmo quando parecem já inofensivas...

    Paz e Bem.

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  6. Caro Evágrio Pôntico:

    Muitas vezes e de nuitas naneiras aqui discordei de posições, atitudes, acções e comportamentos políticos de Sócrates.
    E penso manter igual comportamento em relação ao novo governo.
    Mas acredite que a pergunta da jornalista da RR me incomodou muito e me deixou revoltado.Lembrei-me muitas vezes naquele momento da história que Jesus contou: o bom samaritano. Na hora de estar caído na berma, é satânico pisar.
    Vi noutros blogues mais afectos ao partido vencedor fortes elogios à jornalista da RR. E até compreendo. Mas estes não são os meus critérios.
    O "fermento dos fariseus" existe em cada um de nós sempre que permitimos que a vingança se instale em nossos corações.
    O grande manual da libertação humana vem do testamento de Cristo: "O que vos mando é que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei."
    É que a verdade separada da caridade é afronta; a caridade sem a verdade é falsidade.
    Naquela hora não era altura para tal pergunta e feita da forma que foi. Pode não concordar, o que respeito; nas é assim que eu penso.
    Muita paz.

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