PORTUGUÊS CATÓLICO --
Discute-se cada vez mais porque é que nós, os portugueses somos tão bons trabalhadores no estrangeiro onde somos apreciados, e cá dentro, não conseguimos sair da cepa torta. Acho que todos temos orgulho em ser portugueses e se nos perguntam a religião dizemos, na maioria dos casos: católico.
Somos portugueses mas dizemos mal do nosso país e criticamos aqueles que nos governam, mas se somos chamados a tomar responsabilidades, excusamo-nos.
Somos católicos mas criticamos o padre da paróquia porque não quis presidir a uma procissão ou batizar uma criança porque os padrinhos não são praticantes.
Somos portugueses e, sabendo que só pelo trabalho conseguiremos ultrapassar as nossas dificuldades, estamos mortos por um fim-de-semana prolongado ou lamentamos que nunca mais cheguem as férias!
Somos católicos mas desconhecemos a Bíblia e se o padre se demora mais na homilia, logo nos enfadamos e não ouvimos nada!
Sonos portugueses mas embora nos saibamos pobres, gastamos como se fôssemos ricos, vivemos de empréstimos e comidos de dívidas. Sim, porque se o meu vizinho tem um Mercedes eu tenho que ter um B.M.W. 5e os filhos dos meus vizinhos têm roupas de modelos caros e vão para a escola com mochilas de marca, os meus igualmente ainda que se peça mais um empréstimo aos bancos e depois gritam que a vida está pela hora da morte.
Somos católicos porque vamos a pé a Fátima e fazem as nossas promessas de joelhos mesmo que a Igreja nos diga que Nossa Senhora não quer tanto sofrimento.
Somos portugueses e em vez de valorizarmos o nosso património, abandonamos as nossas aldeias, as terras produtivas e vivemos engaiolados nas grandes cidades poluídas e cheias de vícios. Estamos sempre à espera dum D. Sebastião que venha fazer o que nos compete. Foram—se as Índias, os Brasis e as Áfricas e ficamos pedintes às portas dos grandes da Europa sem vergonha nem orgulho!
Somos católicos mas a Igreja, que nos guia, tem que fazer o que nós queremos e não aquilo que realmente Cristo quer de nós porque a nossa fé é acriançada e não adulta.
Enfim, se pensarmos bem, somos um povo que sempre foi mantido na ignorância, na mentira e, agora, na mendicidade. Achamos ainda que o estudo é tempo perdido. Não pensamos que um país de incultos, hoje, não vai a lado nenhum porque ninguém ou poucos entendem aqueles que nos querem levar pelo bom caminho. Parece que o Estado tem que dar tudo como se ele no fosse o resultado dos nossos votos e das nossas opções.
Espero sinceramente que as novas gerações mais escolarizadas e dinâmicas acabem com este enguiço de um país com muitas qualidades e alguns recursos mas com fraca produtividade e endividado.
Carlos A.Borges Simão
Somos portugueses mas dizemos mal do nosso país e criticamos aqueles que nos governam, mas se somos chamados a tomar responsabilidades, excusamo-nos.
Somos católicos mas criticamos o padre da paróquia porque não quis presidir a uma procissão ou batizar uma criança porque os padrinhos não são praticantes.
Somos portugueses e, sabendo que só pelo trabalho conseguiremos ultrapassar as nossas dificuldades, estamos mortos por um fim-de-semana prolongado ou lamentamos que nunca mais cheguem as férias!
Somos católicos mas desconhecemos a Bíblia e se o padre se demora mais na homilia, logo nos enfadamos e não ouvimos nada!
Sonos portugueses mas embora nos saibamos pobres, gastamos como se fôssemos ricos, vivemos de empréstimos e comidos de dívidas. Sim, porque se o meu vizinho tem um Mercedes eu tenho que ter um B.M.W. 5e os filhos dos meus vizinhos têm roupas de modelos caros e vão para a escola com mochilas de marca, os meus igualmente ainda que se peça mais um empréstimo aos bancos e depois gritam que a vida está pela hora da morte.
Somos católicos porque vamos a pé a Fátima e fazem as nossas promessas de joelhos mesmo que a Igreja nos diga que Nossa Senhora não quer tanto sofrimento.
Somos portugueses e em vez de valorizarmos o nosso património, abandonamos as nossas aldeias, as terras produtivas e vivemos engaiolados nas grandes cidades poluídas e cheias de vícios. Estamos sempre à espera dum D. Sebastião que venha fazer o que nos compete. Foram—se as Índias, os Brasis e as Áfricas e ficamos pedintes às portas dos grandes da Europa sem vergonha nem orgulho!
Somos católicos mas a Igreja, que nos guia, tem que fazer o que nós queremos e não aquilo que realmente Cristo quer de nós porque a nossa fé é acriançada e não adulta.
Enfim, se pensarmos bem, somos um povo que sempre foi mantido na ignorância, na mentira e, agora, na mendicidade. Achamos ainda que o estudo é tempo perdido. Não pensamos que um país de incultos, hoje, não vai a lado nenhum porque ninguém ou poucos entendem aqueles que nos querem levar pelo bom caminho. Parece que o Estado tem que dar tudo como se ele no fosse o resultado dos nossos votos e das nossas opções.
Espero sinceramente que as novas gerações mais escolarizadas e dinâmicas acabem com este enguiço de um país com muitas qualidades e alguns recursos mas com fraca produtividade e endividado.
Carlos A.Borges Simão
Os Práticos e os Contemplativos
ResponderEliminarTêm sentido de humor os que têm sentido prático. Quem descuida a vida, embevecido numa ingénua contemplação (e todas as contemplações são ingénuas), não vê as coisas com desprendimento, dotadas de livre, complexo e contrastante movimento, que forma a essência da sua comicidade. O típico da contemplação é, pelo contrário, determo-nos no sentimento difuso e vivaz que surge em nós ao contacto com as coisas. É aqui que reside a desculpa dos contemplativos: vivem em contacto com as coisas e, necessariamente, não lhes sentem as singularidades e características; sentem-nas, pura e simplesmente.
Os práticos - paradoxo - vivem distantes das coisas, não as sentem, mas compreendem o mecanismo que as faz funcionar. E só ri de uma coisa quem está distante dela. Aqui está, implícita, uma tragédia: habituamo-nos a uma coisa afastando-nos dela, quer dizer, perdendo o interesse. Daqui, a corrida afanosa.
Naturalmente, de um modo geral, ninguém é contemplativo ou prático de forma total, mas, como nem tudo pode ser vivido, resta sempre, mesmo aos mais experimentados, o sentimento de qualquer coisa.
Cesare Pavese, in "O Ofício de Viver"