Parar não é fuga aos problemas, às situações, às pessoas. Parar é uma necessidade para não sermos engolidos pelo turbilhão da pressão social, pelo movimento stressante da vida moderna, pelo vulcão de sentimentos que fervilham em nós, pelo modo, mais ou menos consciente, como os outros tentam manobrar-nos, usar-nos, chantagiar-nos e enganar-nos.
Parar é uma necessidade de nos sentirmos a respirar. Uma forma de controlar o movimento do rolar pelo monte abaixo. Um modo de dizer que estamos vivos e que não desistimos de ser senhores do nosso destino.
Parar para nos escutarmos, para assentarmos ideias, esclarecermos sentimentos, darmos espaço a que as poeiras das emoções se acalmem, distinguirmos sonhos de realidades, reelaborarmos o nosso projecto de vida na fidelidade aos valores que tecem e entretecem a dignidade da pessoa humana.
Parar para analisar as nossas relações com os outros, sabendo distinguir quem nos aceita e nos ajuda a crescer e quem, sob uma pseudo-capa de amizade e compreensão, nos utiliza, nos manipula, nos entretém, nos mente e, na hora de afirmação, é incapaz de uma atitude de afirmação a nosso favor.
Parar para nos pacificarmos, nos sentirmos de bem connosco próprios, marcarmos o nosso espaço, respeitarmos o espaço dos outros, sabendo o que queremos e para onde vamos.
Parar para assumir vitórias e derrotas conseguidas por nós ou empurradas pelos outros, na certeza de que na vida rectas e curvas sucedem-se, cientes da recta final da meta.
Parar porque a vida é bela e não merece que a vivamos obstinados, obcecados, tiranizados por sentimentos, atitudes e opções que nos forçam a rastejar, tantas vezes incapazes de olhar as estrelas e de espreitar o sonho.
Mais do que um direito, parar é um dever.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.