quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Temporal

Upa! Que noite de temporal!
A trovoada abafada parecia um maestro a reger de longe a sinfonia da chuva. Ao sinal dado pelo surdo trovão, aparecia, instantes depois, a orquestra. Forte, impetuosa, em ritmo de marcha. Apostada em ensurdecer os ouvidos aos intranquilos assistentes.
Levantei-me várias vezes durante a noite e a madrugada. A força abocanhante das chuvadas parecia quer derrubar telhados, invadir a parte mais baixa das casas, abalar as árvores que, atónitas, estendiam para o céu as folhas já bastante reumáticas de Outono.
Pelo que me é dado saber, nesta zona não houve prejuízos de monta. Mas na vizinha Lamego, o caso piou mais fino. Estradas alagadas, casas inundadas, crateras nas vias públicas, muros caídos, telhados partidos. O mesmo aconteceu noutras zonas do país.
Há muito que as pessoas suspiravam por uma chuvinha mansa que aliviasse a seca, assentasse a poeira, favorecesse as uvas, refrescasse a fruta, inchasse as castanhas. Penso que, nesta altura, os vários frutos já nada beneficiaram da água abundante vinda dos "mundos superiores". Ao menos refrescou a terra que bem precisava.
Como diz o povo, "manda quem pode e obedece quem deve."

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