sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma agricultura sem trabalhadores; uma agricultura sem dinheiro para pagar aos trabalhadores

Vamos lá fazer contas:
- um trabalhador agrícola que trabalhe 22 dias por mês, a 35 euros diários, ganha mensalmente 770 euros. mais de 1,5 rendimento mínimo.
Falo de trablaho legal de 8 horas.
Acresce que em muitos lados é da praxe dar ao trabalhador bebida e/ou uma refeição.
Diga-se ainda que os chamados "trabalhadores diários" (aqueles que trabalham durante todo o ano numa propriedade agrícola) podem ganhar ligeiramente menos, mas é-lhes garantido o transporte gratuito casa-emprego.
É muito? Não. Quem trabalha e procura ser bom profissional é bom que seja dignamente recompensado.
A queixa que se ouve é que não há quem queira trabalhar. Muitos preferem viver do "rendimento mínimo" ( e até de outras formas obscuras) do que produzir alguma coisa, já que o Estado lhes possibilita essa forma parasitária de vida.

Por outro lado, existe a questão dos pequenos e médios proprietários agrícolas que se queixam justamente que a produção não dá para custear as despesas com a mão-de-obra. Por isso, muitos terrenos férteis são abandonados.
Ao contrário de antigamente,  os agricultores hodiernos não se queixam do que ganham os trabalhadores, fazem-no sim em relação ao preço que é pago pelo que produzem.
E aqui concordo com o que sempre concordei: o lucro excessivo, desmesurado e especulativo dos intermediários. Quanto é pago ao agricultor pelas batatas, as maçãs, o vinho, os legumes, o leite, etc, etc? E depois a que preço são esses mesmos produtos vendidos ao público?
Ah! E mesmo assim muitas vezes não aparece quem queira comprar...
Há muitos anos que Portugal não tem uma verdadeira política agrícola. Tem Ministro da Agricultura, mas não existe política agrícola.
O resultado está à vista. Mais de metade do país está abandonado. Com as consequências que todos sentimos, mormente no interior.

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