quinta-feira, 24 de março de 2011

Sem desculpas

Portugal vive um Alcácer-Quibir financeiro, mas esse desastre não aconteceu ontem. Sócrates arranjou com o chumbo do PEC 4 uma desculpa para atribuir a outros o ónus do inevitável resgate externo, mas quem esteve ao leme do Governo nos últimos seis anos não pode culpar terceiros por erros e próprios.
É verdade que aconteceu em Setembro de 2008 uma grave crise económica mundial e que esse terramoto colocou a nu os crimes do BPN, que nos vão custar pelo menos 1,1% do PIB, ainda não contabilizados nas contas públicas.
É verdade também que a crise grega abriu uma caixa de Pandora sobre os países mais frágeis do euro que levou à desconfiança dos credores e à especulação sobre os juros, levando a taxas que o País não pode pagar.
A culpa do Governo foi não ter conseguido travar a espiral despesista do Estado, sem contrapartida para os contribuintes, cada vez mais pressionados. Sócrates seguiu uma política antiga: parte dos gastos do Estado foram escondidos debaixo do tapete, quer nos passivos das empresas públicas, quer nas ruinosas parcerias público-privadas.
O fim do dinheiro fácil e barato acabou com o Governo de Sócrates e deixa o País à beira da falência. A ressaca vai ser dolorosa e demorará anos. E custará ainda muitos PEC.
Armando Esteves Pereira, aqui

Leia AQUI "Dito&Feito", de  José António Lima: "O que levou José Sócrates a precipitar a crise política que há muito estava anunciada?"

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