quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma bela carta a Deus

Há anos, uma editora propôs a algumas pessoas de várias profissões que escrevessem uma “Carta a Deus”.


Algumas são muito interessantes e belas, enquanto outras desapontam-nos naturalmente pela falta de formação cristã.


Hoje recorto algumas passagens belas de uma de que gostei muito.


“Deus eterno e Pai universal: tenho contactado Contigo de várias formas, mas por escrito é a primeira vez.


Ao longo de cinquenta anos utilizei a palavra e o pensamento para Te falar. A maior parte das vezes faço-o de forma silenciosa. Falo-Te em casa, na cama, na mesa, no carro, na rua, no trabalho, em férias, por todo o lado.


Apenas penso: penso para Ti. Falo-Te em silêncios.


Já em miúdo, quando recebia o brinquedo que desejava, o bom resultado nos exames, Te dirigia um obrigado em pensamento.


Mais tarde continuei a agradecer-Te: o emprego que consegui, a família que escolhi, o filho que sonhei.


Continuo a usar o silêncio para Te agradecer a saúde, as promoções, o fim das prestações da casa. Mas estas formas de Te agradecer parecem-me insuficientes, injustas….porque em voz alta, talvez alta demais, algumas vezes soube dizer-Te palavras magoadas sobre a justiça e a injustiça e o que em Ti não entendia.


Foi quando morreram meus avós, meu pai, e alguns dos meus melhores amigos…e quando no meu trabalho a correr o mundo mergulhei em alguns continentes e vi povos que se afundavam em fomes, doenças e guerras sem qualquer tipo de sentido.


Uma das vezes em que fiquei azedo conTigo foi mais tarde – deves lembrar-Te – quando o médico me disse que eu tinha um tumor.


Não compreendi. E adormeci algumas vezes embalado no sono de um quase agnosticismo. Nas alturas de todas as fraquezas sou mesmo incoerente. De vez em quando, o céu do meu cristianismo assumido é povoado por estas nuvens passageiras. Para isso espero o Teu perdão.


Prometo que vou tentar falar conTigo de todas as formas, nos bons e maus momentos.


Obrigado pela vida que me ofereceste e estou certo de que, no fim dela, Te encontrarei de forma mais natural e me dês a entender todas as coisas que hoje não entendo”.
 
Mário Salgueirinho

2 comentários:

  1. Um bocadinho do que todos nós vamos sentindo. Bela carta.

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  2. Gostei muito de ler esta carta a Deus.
    Devemos em silêncio ou em vóz alta agradecer-lhe pelos bons e pelos maus momentos da vida.
    Jesus Cristo sofreu pelo bem que praticou, mas com a sua Glória "Ressuscitou".
    Job, no seu livro, ve-se que com muito sofrimento, nunca renegou a "Deus",mas sempre acreditou "Nele", e teve a recompensa.
    Devemos sempre ter fé nos bons como tambem nos maus momentos da vida.

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