quinta-feira, 11 de junho de 2015
Peregrinação Nacional das Crianças a Fátima - Luzes e Sombras
Há mais de 20 anos que a Catequese Paroquial da Comunidade Cristã de S. Pedro de Tarouca participa na Peregrinação Nacional das Crianças a Fátima. Este ano não foi exceção. Optamos por levar sempre o 6º ano e, como todos por lá passam, todos têm a oportunidade de participar nesta peregrinação durante o tempo de catequese. Este ano, levamos também o 10º ano, experiência sujeita a posterior avaliação por parte dos catequistas.
Por norma, optamos por sair na véspera e pernoitar em Fátima, participando, assim, mais de 24 horas no minuto a minuto da vida das crianças.
As crianças são únicas. Mesmo quando nos fazem perder a paciência, achamos sempre que vale a pena. Acabam por recompensar em muito aquilo que lhes oferecemos.
É certo que aquela noite que passam em Fátima - para muitos a primeira noite que passam longe dos pais - é sempre um caso sério. Excitados pela situação, têm muita dificuldade em aquietar-se e em dormir. Posso dizer que na noite de 9 para 10 deste mês, percorri aqueles corredores da Casa de Nossa Senhora das Dores vezes sem conta e que só às 4 horas da manhã tive possibilidade de descansar um bocadinho. E não só eu, os catequistas fizeram igual.
As crianças deste tempo têm muita dificuldade em escutar, concentrar-se, controlar-se. Parece que uma corrente elétrica de alta voltagem percorre incessantemente todo o seu ser.
Mas quando na manhã do dia 10, os catequistas lhes serviam o pequeno almoço, olhei embebecido e agradecido aqueles rostos belos, aquele apetite genuíno, aquele olhar meigo. Meu Deus, nada significa o meu cansaço perante a maravilha que meus olhos contemplam. Obrigado, Senhor, por ter crianças - e muitas - nesta comunidade! Que prenda fantástica!
Durante a viagem, cantaram, contaram anedotas, rezaram o terço, participaram lindamente nos concursos... Só não foi fácil para muitos irem sempre sentados!
Em Fátima portaram-se muito bem nalguns momentos. Quando chegámos, fomos até Capelinha das Aparições, resumi-lhes a história das Aparições e convidei-os para um momento de encontro e oração diante da Imagem da Mãe. Fantástico! Àquela hora da noite, aquele espaço só transmite paz, serenidade, vontade de permanecer. Mas perante a elevação e postura dos pequenos, tornou-se ainda mais envolvente.
Na Igreja da Santíssima Trindade, completamente à pinha, participaram exemplarmente na peça sobre o tema desta peregrinação que, situando-se na aparição de Agosto, tinha por lema "Rezai, rezai muito!"
O que deveria ser o melhor, foi porventura o pior...
A Eucaristia no recinto do Santuário esteve a milhas de ser o que deveria ser. É certo que, em virtude das obras que decorrem na Basílica, o recinto ficou mais pequeno. Mas isto não explica a maneira como foi preparada e (não) vivida a Eucaristia. Desde logo a instalação sonora esteve horrível. E com milhares de crianças, sob um Sol abrasador, sem qualquer condições, com um som daquele tipo, estão a ver o resultado... Parecia uma feira...Quase ninguém conseguia prestar atenção à liturgia.
Ao ritmo uniformemente lento que o celebrante impôs à celebração, correspondia o ritmo uniformemente acelerado do desinteresse por parte dos participantes.
Cânticos desconhecidos, homilia longa, avisos finais intermináveis... Quando se fala a crianças com um papel nas mãos, entendem no que resulta.
Um celebração que demora cerca de hora e meia, naquelas condições!!! Mas será que os que projetaram a celebração se deram ao trabalho de antes passarem por uma experiência, entre crianças? É que não é a mesma coisa que estar um escritório, face a um computador...
Como dizia um catequista, Nossa Senhora não pediu este tipo de penitência...
Com uma celebração bem mais breve, com cânticos conhecidos e que fizessem vibrar a miudagem, com instalação sonora em condições, com um ritmo mais entusiasmante e a uma hora mais conveniente, tudo poderia ser diferente, devolvendo à Eucaristia a beleza que ela exige.
Talvez a missa às 10 horas e a representação mais tarde e mais longa, já que cativa os pequenos, ajudasse...
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