segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A IGNORÂNCIA

Se a preguiça é a mãe de todos os vícios, a ignorância é a mãe de todas as incompreensões e de muitas desordens que tornam as nossas sociedades insatisfeitas e agressivas.
Fazemos tantas coisas por tradição, por costume que ficamos incré­dulos quando nos elucidam sobre o significado ou sobre a estupidez de determinadas tradições e costumes.
Quantos de nós tomamos consciência do significado do Natal? Damos prendas porque é Natal, comemos certas coisas porque é Natal, vemos as ruas das nossas cidades iluminadas duma maneira especial porque é Natal. E o que é o Natal? Vem o Carnaval, vem a Páscoa e sucede a mesma coisa. Folguedos, desfiles, danças, música e nada do que é excessivo pare­ce mal. Porquê?
Vêm depois as tradições que dizem respeito à nossa vida individual: o baptismo das crianças, o casamento pela Igreja e até os funerais re­ligiosos. Revoltamo-nos se o padre recusa o baptismo porque as pessoas só o fazem por tradição. Revoltamo-nos se o padre só realiza o casamen­to com certas condições e até nos revoltamos se o padre não quer fa­zer o enterro religioso porque acha que o não deve fazer.
E as obrigações que temos como cidadãos? Quantas vezes nos subme­temos a elas porque a isso somos obrigados e não porque saibamos a ra­zão de ser dessas obrigações. Depois revoltamo-nos porque somos mal atendidos nos serviços públicos, porque a Justiça é lenta e tardia, porque os funcionários estão a fazer um frete quando nos atendem.
A nossa ignorância chega ao cúmulo de julgar que só temos direitos e não obrigações. E quando alguém chama a atenção para a nossa ignorân­cia e nos quer informar sobre qualquer costume, tradição ou obrigação, a nossa resposta, normalmente é:"quero lá saber!". Ao querermos saber e estar informados sobre tudo o que falei, ficamos confusos ou incrédu­los.
0 Natal, por exemplo, só tem significado para os Cristãos conscientes da sua fé.0 nascimento de Cristo tem um sentido universal só que é no íntimo da cada Cristão consciente que esse sentido se transforma em vida. É que o nascimento histórico de Cristo só se realizou uma vez e mesmo assim não na data em que o comemoramos. Portanto a sua cele­bração só é autêntica quando é expressão da nossa fé.
Carnaval e Páscoa só têm sentido se forem compreendidos por uma fé esclarecida.0 Carnaval porque é uma concessão ao paganismo do Impé­rio Romano e a Páscoa porque é a festa das festas, a única que celebra­mos todos os domingos, o fundamento da nossa fé. Se não compreendermos isto, os baptizados e os casamentos não passam de acontecimentos sociais onde as pessoas se encontram porque ignoramos o sentido profundo des­ses dois sacramentos.
As obrigações sociais, os nossos deveres para com o Estado têm de ser compreendidos por nós e ensinados nas escolas. Se o não forem te­remos uma sociedade de revoltados, de maldizentes, de descrentes.
Para erradicar a ignorância são precisas as escolas, os livros, pais e professores que tenham como lema instruir, educar, tornando-nos ho­mens livres porque conscientes das nossas obrigações e dos nossos direitos.0 saber e a cultura são a mola real do nosso desenvolvimento e do nosso bem-estar. Onde há ignorância não pode haver verdadeira felicidade.
Carlos A. Borges Simão

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