domingo, 17 de julho de 2011

"Querem que o construa sobre as minhas costas!?"

Já lá vão uns bons anos. Um padre contou-me este episódio relativo à comunidade que então servia.
Era uma grande e dispersa paróquia virada para o Douro. Havia um grande número de idosos e as condições em que muitos deles se encontravam não eram dignificantes. O clamor por um Lar para Idosos chegava de todos os povos dessa freguesia. Circularam até artigos em jornais locais a falar da necessidade dessa estrutura.
A paróquia mete então mãos à obra, mas depara-se desde logo com um problema: local para a construção do edifício. Naquele povo não, porque é longe; naquela outra povoação não porque tem poucos idosos; naquele terreno não é possível porque o dono não o vende; naquele espaço não pode ser porque as pessoas não querem o edifício junto das suas casas...
Finalmente encontra-se um terreno minimamente consensual  e o seu proprietário garante cedê-lo para a finalidade em causa. Para não perder tempo, enquanto se precedem às formalidades tendentes à escritura do terreno (nem sequer estava registado no nome do dono...), e para não perder tempo, a paróquia manda fazer o projecto do Centro ao técnico competente. Conversas, visitas ao local, análises com o técnico...
A determinada altura, surge o alarme: o dono do terreno dá o dito por não dito e já não cedo o espaço. E agora?
O clamor da população continuava a solicitar o Centro para os Idosos. Certo dia o padre respondeu a quem o questionava sobre o assunto:
- O projecto está praticamente pronto. Falta que arranjem terreno, ou querem que o construa sobre as minhas costas!?

Não é caso único. Se as coisas não existem, 'aqui-d'el-rei' que deviam existir; quando se trata de as colocar no terreno, 'ai aqui não!'...
Que falta de sentido comunitário! Parece que o mundo tem apenas as dimensões do nosso umbigo!

5 comentários:

  1. O Homem Honroso
    O homem honroso dá atenção especial a nove coisas. Dedica-se a ver bem o que olha, a ouvir bem o que escuta; cuida para ter uma aparência afável, para ter uma atitude deferente, para ser sincero nas suas palavras, para ser diligente nas suas acções; no meio das suas dúvidas, tem o cuidado de interrogar; quando está descontente, pensa nas consequências desastrosas da cólera; frente a um bem a obter, lembra-se da justiça.
    (...) Buscar o bem, como se temêssemos não conseguir alcançá-lo; evitar o mal, como se tivéssemos enfiado a mão na água fervente; é um princípio que eu vi ser posto em prática e que aprendi. Viver isolado na busca do seu ideal, praticar a justiça, a fim de realizar a sua Via, é um princípio que aprendi, mas ainda não vi ninguém segui-lo.

    Confúcio, in 'A Sabedoria de Confúcio'

    ResponderEliminar
  2. Essa História é linda... Será o nosso caso? Será isso o melhor? Não discuto nada a não ser a pressa... a forma de se fazer ou tentar fazer, mandar, estruturar e sermos coerentes! Temos um Centro Paroquial a construir... Não há feedback com os paroquianos... tudo muito dissimulado! IDEALIZAM e está tudo certo! Ainda bem! Esquecem ou desconhecem obras! Espaços que poderiam estar feitos e a funcionar! Cedências! Desrespeito!Estamos numa batalha para o Centro Paroquial! Será correcta esta prioridade mortuária? Não sei! Nem sei este segredo dos Deuses ou vou discutir isso pois só a COMUNIDADE o poderá fazer...

    ResponderEliminar
  3. "Não há feedback com os paroquianos..."

    - Há tempos atrás o Sopé da Montanha publicava na 1ª página a notícia da construção da Capela no Bairro...
    - Esta edificação NADA tem a ver com o Centro paroquial, uma vez que a Igreja NÃO vai ali investir um tostão... Aliás tal informação era dada no referido número do Sopé da Montanha.
    - Quem vai fazer as obras é a Câmara.
    Portanto nada, nada há aqui de "segredos dos deuses", tudo saiu claramente publicado no jornal da Paróquia - ver nº 187 do Sopé da Montanha.
    - Quando há anos foi lavrada a escritura de cedência daquele espaço à paróquia, estava lá escrito que tal cedência visava a construção do Centro Paroquial, caso contrário o espaço voltava à Câmara. Ora como o Centro Paroquial está a ser construído noutro lado, as conclusões impõem-se....

    ResponderEliminar
  4. É PENA QUE ESTAS COISAS, COMEÇEM ATERAR OS ANIMOS DOS PAROQUIANOS

    ResponderEliminar
  5. Pois, caro anónimo, concordo que seja pena que algumas pessoas se alterem.
    Haverá razão?
    - Em tempos houve pessoas a clamar, escrevendo nos jornais, por uma capela deste tipo em Tarouca,além de outras que o faziam no dia-a-dia.
    - Aquele espaço, como afirmei num comentário acima, não é da Igreja nem é a Igreja que lá vai gastar um tostão nas obras.
    - A Comissão da Igreja sugeriu ao senhor Presidente da Câmara a construção dessa capela no local, visando atender à queixa de muita gente que a desejava.
    - O senhor Presidente da Câmara decidiu construí-la.
    - Mais, tudo isto saíu no Sopé da Montanha como acima referi.
    Por isso não existem motivos nenhuns para os ânimos se alterarem.
    Há anos, quando a Capela do Mártir foi colocada no local onde hoje se encontra aconteceu exactamente a mesma alteração de ânimos. Hoje os contestários concordam e até acham bem.
    É sempre a mesma história: se se não faz, nada se faz; se se faz, não queremos que se faça!
    Precisamos de ser serenos e não nos deixarmos levar pelas emoções de momento.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.