quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cada vez entendo menos o que se passa a nível nacional

Cada vez entendo menos o que se passa a nível nacional. Então a vida política, nem lhes digo nem lhes conto. Falam-nos por estereótipos, por chavões. Não nos explicam as opções como é dever de quem foi eleito democraticamente.

1. A electricidade vai subir 2,5% a partir de Janeiro. Ouvi que as energias renováveis, sendo limpas e óptimas para o ambiente, são mais caras. E é preciso pagar os investimentos feitos.
E então pergunto: não seria preferível a opção "energia nuclear"? Dizem que mais barata. E os perigos do nuclear? Pois, essa pergunta faço à Espanha, à França, à Inglaterra... Não consta que tenha havido desastres por causa da energia nuclear. Lidamos com o preconceito. Mais nada.

2. O governo tem andado numa histeria doida por causa das condições de governabilidade. Que tal e que sim, que quem governa é o governo e não a Assembleia da República, que o Presidente da República tem de intervir, que as oposições se juntam para impor leis que vão contra a governabilidade, etc, etc.
Se as energias que gasta com esta histeria toda fossem realmente empregues em resolver os reais problemas do país, então sim, estava a governar.
Sócrates montou um simulacro de diálogo após as eleições. Chamou todos os partidos e convidou-os para uma aliança governativa. Ora quem convida todos não convida nenhum. Para Sócrates é a mesma coisa uma aliança com o CDS ou com BE e o PCP? Sejamos claros e não atiremos areia.
Com um governo minoritário, Sócrates e o seu governo sabem que devem dialogar constantemente, porque, cansado da anterior maioria absoluta, o país não lha renovou, dizendo-lhe claramente que precisa de entendimentos parlamentares. Só assim se vive em democracia e no respeito pela vontade popular. Parece que os tiques narciso-autistas da anterior maioria ainda não lhe passaram. Em vez de encenar a ingovernabilidade, atirando com as culpas para a oposição e criando, mais ou menos a prazo, as condições para eleições antecipadas em busca da tal maioria absoluta, Sócrates tem de cair "na real" e começar a governar a sério, o que parece que não tem feito.

3. Um governo de contrastes. Apoio ao grande capital ao lado do constante despoletar de causas fracturantes. Vejam que os ordenados dos altos gestores bancários subiram astronomicamente no ano em que a crise mais se fez sentir sobre as pessoas. Escandaloso!
Depois do aborto, das novas leis sobre divórcio, surge agora, já aprovada em conselho de ministros, a nova legislação sobre o "casamento homossexual".
Para agradar ao capital, não mexe nos seus privilégios, pelo contrário. Para agradar à esquerda e extrema-esquerda, despoleta constantemente questões fracturantes, ao arrepio dos valores humanos e éticos mais profundamente enraizados na pessoa e até na idiossincrasia do povo luso. Somos governados por quem não tem uma profunda e sábia cultura humanista. Sacrifica-se tudo ao provisório, ao efémero, à moda, ao voto, ao "politicamente correcto".

4. Vejam o que se passa na educação. No anterior governo, Sócrates andou com a ministra ao colo. Esta teve sempre a cobertura total do primeiro-ministro, mesmo quando lançou a educação no caos de que tardaremos a sair- se o conseguirmos. O mesmo Sócrates, neste governo, apoia outra política educativa e outra ministra que, em muitos aspectos, está a deixar cair, como baralho de dominó, as medidas por que mais ferrenhamente ele se bateu na legislatura anterior. É cá uma coerência!

5. As grandes obras. Depois de ouvir os chavões do primeiro-ministro e as explicações dos economistas e de outros entendidos, fico a imaginar a situação: os comboios da alta velocidade passam vazios e os portugueses andam a pé, abalroados com as dívidas de tal projecto.
Mas alguém de bom senso acha mesmo que precisamos dos comboios da alta velocidade para ir a Espanha, França, Europa? Onde estão esses comboios nos países escandinavos, muito mais ricos do que nós? E não os vemos atarantados com tal patetice...
Até posso aceitar que, momentaneamente este e outros grandes projectos podem estancar um pouco o desemprego e dar algum fôlego às empresas (algumas). E depois? Que deixamos aos nossos filhos e netos? Dívidas e mais dívidas que impedirão irremediavelmente a ultrapassagem do muro do futuro. Temos esse direito?

6. Está hoje na moda chamar "velhos do restelo", passadistas, derrotistas a todos os que ousam interrogar o caminho encetado pelos nossos governantes.
Quando uma pessoa está contra tudo o que é novo, porque é novo, tal pessoa não merece crédito. Mas quando uma pessoa tem a clareza, seriedade e serenidade para nos despertar do sono colectivo em que as sereias do poder nos querem fazer mergulhar, ai essa pessoa merece toda a atenção. E também na vida social e política precisamos de profetas. Ai se precisamos!!!

1 comentário:

  1. Concordo com o que escreveu!
    Mas infelizmente,eu já esperava isto!
    A figurinha do Sr.1º não só tem "tiques narciso-autistas" como o retratou,ainda se mostrou um bailarino com pouca categoria! Ora dança para aqui, ora para ali,(fez formação em vira-do-Minho), só que não teve apetência para o aprender correctamente!
    Estou a perder completamente a ilusão, que este país um dia se poderá salvar!
    Que 2010, pelo menos lhes traga um pouco de lucidez!
    Abraço

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